1 Introdução
1.1 Proposição
Este relatório pretende apresentar ao leitor o projeto de planejamento Cristalina/GO 2040. O método de planejamento utilizado baseou-se no processo prospectivo de vertente participativa.
1.2 Objetivos
O objetivo deste projeto é o planejamento de longo prazo por meio do processo prospectivo para o desenvolvimento sustentável do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO tendo como horizonte de tempo o ano de 2040, baseando-se em banco de dados criado e mantido para gerar informações para o presente estudo.
Nesse sentido, foram definidos os seguintes objetivos específicos:
- inovação de produtos com agregação de valor visando à qualificação das pessoas que estão no setor de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo;
- criação, montagem e manutenção de banco de dados georreferenciado;
- estabelecimento de um modelo de aplicação do Processo Prospectivo Regional para o setor, apoiado por banco de dados;
- replicação da metodologia desenvolvida no Arranjo Produtivo de Gemas, Joias e Artesanato Mineral em outros APL do setor mineral;
- identificação das demandas estruturantes e tecnológicas para o melhoramento da produtividade do Arranjo Produtivo;
- avaliação dos resultados alcançados em médio prazo após a realização da oficina para geração de informações para gestão do APL.
1.3 Resultados esperados
- Banco de dados de Arranjo Produtivo Local (APL) Mineral organizado;
- Metodologia de planejamento em longo prazo para APL de base mineral;
- Oficina de partilha da metodologia;
- Relatório final do projeto.
1.4 Justificativa
A partir de um levantamento junto ao Arranjo Produtivo Local de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo do Município de Cristalina/GO, em 2018, constatou-se o interesse de órgãos governamentais e entidades representativas do setor, em participar da elaboração de um planejamento que pudesse contribuir para a manutenção e o fortalecimento dos trabalhos aí realizados pelo APL e agentes locais.
Para tanto, idealizou- se uma proposta de projeto, a fim de desenvolver uma inteligência eficaz, em favor da construção e/ou reconstrução da arquitetura de políticas públicas, possibilitando oferecer coerência e efetividade da ação pública no município de Cristalina/GO.
Nesse sentido, recomendou-se uma abordagem do Processo Prospectivo Territorial para a elaboração do Planejamento de Longo Prazo, sob a perspectiva de Desenvolvimento Sustentável do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias e Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO.
O referido Processo Prospectivo visa proporcionar a antecipação e orientações ao elaborar ações com a apropriação e predisposição para viabilizar as necessárias e esperadas transformações, tanto no que diz respeito ao desenvolvimento de pessoas quanto à adaptação de recursos, tendo em vista enfrentar possíveis adversidades ou aproveitar as oportunidades que naturalmente surgem ao longo do processo.
Pretende-se, portanto, que o arranjo produtivo compartilhe o Processo Prospectivo com as pessoas que nele habitem e trabalhem, tendo tempo suficiente para formular melhor as estratégias e escolher as mais indicadas ações, em conjunto, com a sociedade, visando à apropriação do projeto de planejamento, de forma a evitar interrupções durante a sua execução.
1.5 Antecedentes
A Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), até o ano de 2018, e atualmente a Secretaria de Empreendedorismo e Inovação (SEMPI) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em parceria com SGM/MME, GTP APL/MDIC, CETEM, IBICT e BNB, promoveram, por meio de ações integradas de cooperação, políticas de apoio à estruturação e ao desenvolvimento das atividades de mineração em pequena e média escala, organizadas em APL de base mineral.
No campo da Política Nacional de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais (APL), o Grupo de Trabalho Permanente para APL (GTP APL) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), atualmente Ministério da Economia, coordena um trabalho de apoio ao desenvolvimento desses arranjos em todo o território nacional e de forma abrangente a todos os setores produtivos.
No setor mineral, em 2018, foi constituído o Comitê Temático Rede Brasileira de APL de Base Mineral (CT RedeAPLmineral), no âmbito do GTP APL, sob a coordenação conjunta do MDIC e do MCTIC, em parceria com o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O CT RedeAPLmineral tem por objetivo planejar, estruturar e integrar as ações das diversas instituições que apoiam o desenvolvimento da cadeia produtiva dos seguintes segmentos do setor mineral, organizados em APL: (i) agregados minerais para a construção civil; agrominerais; água mineral; calcário e cal; cerâmica de revestimento; (ii) cerâmica vermelha; (iii) gemas, joias, metais preciosos e afins; (iv) gesso; (v) rochas e minerais em pegmatitos; (vi) sal marinho; e (vii) rochas ornamentais.
Nesse sentido, a articulação de parcerias na Associação dos Artesãos de Cristalina/GO – AAC e no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/MCTIC), visa à realização do Processo Prospectivo para a Construção de Cenários do Futuro para o Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO, como modelo de planejamento estratégico replicável, em prol do desenvolvimento da cadeia produtiva desse setor, configurando-se como uma oportunidade do MCTIC concretizar uma ação integrada de apoio à estruturação e consolidação de APL de base mineral, cuja elaboração e coordenação dos trabalhos para o Processo Prospectivo esteve aos cuidados do Prof. Dr. Antônio Luís Aulicino, do Núcleo de Apoio à Pesquisa de Planejamento de Longo Prazo (NAP PLP – FEA/USP) até final de março de 2020. A partir de abril de 2020, a continuidade do projeto Cristalina 2040 passou a ser facilitada pelo Inspro-Instituto Prospectiva, aos cuidados da prospectivista Clarice M. O. Kobayashi que participou do projeto Desenvolvimento Brasil 2035 que também utilizou a metodologia do Processo Prospectivo, liderado pelo Prof Dr. Antônio Luís Aulicino, iniciativa também do NAP PLP.
Segundo o histórico do município de Cristalina/GO, a economia baseou-se na exploração de cristais, exportados por muitos anos para vários países da Europa, inclusive utilizados em joias da nobreza europeia.
A chegada de produtores rurais do sul do país, na década de 1970, mudou a situação econômica do município. Além da exploração de cristais, acrescentou- se o plantio de diferentes culturas, graças às temperaturas amenas e à qualidade do solo.
O município é beneficiado por mais de 240 nascentes e rios que possibilitam aos produtores agrícolas a irrigação para o cultivo de diferentes produtos. Dessa forma, há uma distribuição uniforme e constante da quantidade de água, que possibilita essa atividade mesmo em épocas de seca.
Na Figura 1, apresenta-se a localização do município de Cristalina/GO, território no qual se encontra o Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO.
Figura 1: Localização do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina, no município de Cristalina/GO (em vermelho).
Fonte: IBGE (2018) e apresentado pelo Prof. Dr. Antônio Luis Aulicino, do Núcleo de Apoio à Pesquisa de Planejamento de Longo Prazo (NAP PLP – FEA/USP).
Na Tabela 1 é apresentada a situação dos municípios vizinhos de Cristalina, haja vista que o planejamento deve analisar o território onde o APL está inserido. Na Figura 2, apresenta-se a área de Cristalina coberta pela lavra de cristal de quartzo.
Tabela 1: Indicadores dos municípios vizinhos a Cristalina/GO.
Fonte: IBGE (2018, IMB (2018) e CODEPLAN (2018).
Figura 2: Mapa do município de Cristalina/GO, seus vizinhos e a área de lavra de cristal de quartzo.
Com base no levantamento realizado optou-se pela abordagem de Planejamento de Longo Prazo por meio do Processo Prospectivo para Construção da Visão Estratégica do Futuro do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO.
1.6 Cronograma de trabalho
Na Figura 3 são representadas as etapas do processo prospectivo para o projeto Cristalina 2040.
Figura 3: Etapas do projeto Cristalina 2040.
2 Metodologia
2.1 Processo prospectivo e a construção de cenários
A elaboração do Processo Prospectivo proporciona às organizações planejar o longo prazo, formular estratégias em condições que predispõem às necessárias mudanças e/ou rupturas, em favor de uma gestão renovada que investe no desenvolvimento de pessoas e adapta recursos frente às possíveis adversidades e/ou oportunidades que naturalmente surgem no dia a dia da organização ou do território.
O processo prospectivo, segundo Berger (1959), proporciona ver longe, com amplitude, com profundidade, com ousadia, tomar riscos e pensar no ser humano. Godet (2001) complementa com ver de maneira diferente: caçar ideias, ver juntos, com apropriação, e utilizar técnicas e métodos rigorosos e participativos.
Na Figura 4 é apresentada a visão geral do processo prospectivo e, mais à frente, na Figura 5, exibem-se as etapas de execução do processo prospectivo. Essas figuras se complementam e explicam o desenvolvimento do processo prospectivo.
Figura 4: Visão geral do processo prospectivo.
Fonte: adaptado e consolidado por Aulicino (2008) a partir de Bassaler (2009), Godet (2001), De Jouvenel (2008), Martin (2001).
A Governança será responsável pela elaboração do diagnóstico no presente e pelos diversos agentes sociais, que envolvem o tema e suas nove dimensões: econômica, social, meio ambiente, cultural, demográfica, política, legal, tecnológica e segurança e defesa.
I. Presente é constituída uma governança, que poderá ter até três comitês assim descritos:
- Comitê de Direção: composto pelos usurários principais e representantes de agentes sociais da região, em que todos deverão ser tomadores de decisão, com as seguintes responsabilidades: definição do problema, objetivo procurado, origem da demanda, destinatários dos resultados, e prazo de realização.
- Comitê Técnico prospectivo: composto por especialistas em prospectiva, e representantes dos agentes sociais escolhidos pelo Comitê de Direção e pela sociedade. Um ou mais dos participantes do Comitê de Direção deverão participar deste comitê, suas responsabilidades são: condução técnica do processo prospectivo, relatórios intermediários, relatório final, suporte bibliográfico e documentos técnicos, e preparação e animação das reuniões.
- Comitê Local Técnico prospectivo: se a região, foco do processo prospectivo, é longe do local onde se encontram os especialistas em prospectiva, deverá ser formado este comitê na região, cujos participantes deverão ser dessa região e formados em prospectiva. Suas responsabilidades são: elaborar as fichas das variáveis-chave, escolher cenários da região e elaborar os Planos de Ações.
II. Retrospectiva com fins diagnósticos: é viabilizada por meio de um questionário que levará em conta os últimos 20 anos, com o foco na criação de um banco de dados, cujo objetivo é explicar o presente, a partir do passado, visando provocar mudanças e rupturas. Para tanto, a participação dos representantes de agentes sociais será imprescindível para que vivenciem as atividades de sensibilização e conscientização propostas pelos Comitês Técnicos.
Essas informações formarão um banco de dados, no caso do processo prospectivo a ser elaborado, o que implicará em levantar a situação geográfica e a produção do atlas da região.
De posse de todo o acervo de informações e do que foi produzido durante o desenvolvimento das atividades de sensibilização e conscientização dos fatos, organiza-se um seminário, tendo em vista: caçar ideias, identificar mudanças e rupturas, freios, construir árvores de competências do presente, passado e futuro, analisar os atores que possuem estratégias e projetos que vão interferir de maneira forte sobre o tema ou temas e objetivos, os quais serão analisados pelos agentes sociais que estão representando os comitês de governança.
Após esse evento e com base no acervo de informações coletadas, identificam-se as principais variáveis-chave, seguidas pela análise estrutural, o que fará emergir os impactos ou forças motrizes que visam à construção da visão estratégica do futuro e, como consequência, à construção de cenários.
III. Passado: será conhecido por meio da retrospectiva e das razões que provocaram as situações presentes, no que concerne às mudanças, rupturas tendências, inércias e freios que dificultaram as possíveis mudanças.
IV. Visão estratégica do futuro: depois de realizada a retrospectiva constrói-se em conjunto uma visão estratégica do futuro para um intervalo de tempo de acordo com o desejo dos participantes, e os possíveis cenários, verificando o que é realizável e o que é desejável. Na prática, tem-se utilizado de 20 a 30 anos.
A partir das variáveis-chave identificadas no diagnóstico, na fase da análise estrutural da situação presente, identificam-se as variáveis do ambiente interno e externo, que delimita o chamado espaço morfológico. Nesse contexto, acompanhado pelos agentes sociais, inicia-se o aprofundamento especializado por representantes da academia e de institutos de pesquisas, públicos e privados.
Após o aprofundamento, é possível identificar, com base científica, as variáveis futuras, tendências e rupturas, considerando suas evoluções passadas e o que as provocou, via análise do impacto cruzado, entre as variáveis-chave e as forças propulsoras visando o desenvolvimento do município, região, país ou tema.
Com elementos extraídos de diferentes fontes, inicia-se o planejamento a longo prazo, por meio da construção de cenários parciais e, depois, os cenários globais, confrontantes e contrastantes, de ruptura, de tendência, mas também, a mistura dos dois.
A visão estratégica global do futuro é necessária para a antecipação de ações, no presente. Para que as intenções registradas sejam alcançadas, faz-se necessária a mobilização da inteligência de todos os participantes, de forma que cada um deles, pela via da compreensão, dê sentido a elas, de forma a situá-las no contexto global onde estão inseridas.
A mobilização da inteligência será mais eficaz se o diagnóstico for compartilhado ou explicitado entre todos. Dessa forma, a motivação interna será abrangente, para que com mais facilidade sejam identificadas as ameaças que possam impedir o alcance dos objetivos definidos coletivamente.
V. Futuros possíveis: nas oficinas obtém-se a delimitação da escolha das diversas variáveis-chave, elaboram-se cenários por meio da análise morfológica e identificam-se quais as forças motoras para a elaboração de cenários com mais critérios, baseados nos aprofundamentos científicos efetuados, descobrindo-se os cenários desejáveis e os realizáveis.
VI. Ações e políticas públicas: elaborado o planejamento, passa-se para a parte legal, a elaboração do contrato para execução do plano, que são as ações e/ou políticas públicas necessárias para sua execução. Nos países europeus, trata-se de um contrato assinado pelos representantes da região, eleitos de maneira democrática, e pelos representantes do governo. Acompanha esse contrato o cronograma físico-financeiro.
VII. Apropriação: deverá determinar o sucesso do processo prospectivo, por essa razão a seta na Figura 1 é contínua, passando por todas as etapas. Em razão da transparência do processo, a mobilização não pode ater-se de forma demasiada às escolhas estratégicas, sobretudo quando estas têm um caráter confidencial e muitas vezes individual. Diante dessas condições, a reflexão prospectiva coletiva deve ser sobre as ameaças e oportunidades, essencialmente externas, que motivam a mobilização e permitem a apropriação da estratégia.
2.2 Esquema das etapas de execução do processo prospectivo
Na Figura 5, apresentam-se as etapas de execução do processo prospectivo considerando-se seis etapas, com base em Berger (1998), Giget (1998), Godet (2001), Jouvenel (2008), Aulicino (2006) e na experiência prática de elaborar o processo prospectivo. Na figura, percebe-se que a prospectiva é a Antecipação para orientar a Ação com a Apropriação, conforme Godet (2001). Nesse conceito, a Antecipação é a soma das Perspectivas e das Possibilidades, enquanto a Ação proporciona o reposicionamento da Região, Município, Estado, País, Tema, ou da Organização. O processo prospectivo necessita de avaliação constante, desde o seu início, durante a elaboração e após seu término, no que se refere a curto, médio e longo prazo, com o intuito de verificar os impactos e resultados desse processo.
Figura 5: Esquema das etapas de execução do processo prospectivo.
Fonte: Aulicino e Petroni (2012)
2.3 Descrição das etapas
Descrevemos a seguir uma forma resumida para implementar o processo prospectivo.
Análise conjuntural é um retrato dinâmico de uma realidade e não uma simples descrição de fatos ocorridos em determinado local e período, conforme Alves (2011).
Análise estrutural consiste em identificar as variáveis do ambiente externo, por sua ação direta e também por intermédio de combinações de influências indiretas sobre o ambiente próximo da região, bem como identificar as inter-relações e a relevância dessas variáveis para explicar o sistema, conforme Godet (2001).
Árvores de competência de Marc Giget (1998)identificam as dinâmicas passadas, presentes e futuras da organização, ou da região, em suas habilidades, que começa pela vocação, competências e seus conhecimentos (as raízes), e também em seus processos, sua execução e sua organização (o tronco), até as linhas de produtos e/ou serviços (os frutos), levando em conta as mudanças do ambiente e identificando as forças e fraquezas do presente em relação ao passado. Em seguida, imagina-se um futuro desejável e realizável diante das ameaças e oportunidades do ambiente e constrói-se uma árvore de competência do futuro, sabendo que o processo prospectivo permite isso ao considerar que o futuro possui incertezas e está aberto para muitos futuros possíveis.
Análise Estrutural é a etapa que identifica as possibilidades desencadeadas pela combinação das diversas hipóteses identificadas no aprofundamento das variáveis-chave e dos atores-chave, conforme Godet (2001).
Construção de cenários ou maquetes, etapa de reposicionamento e descrição de cenários tanto parciais, quanto globais, conforme De Jouvenel (2009) e criação das ações para alcançar o cenário possível, desejável e realizável.
Avaliação do processo prospectivo por meio dos resultados e impactos verifica se houve resultados e impactos e, se eles contribuíram ou não, tanto para melhorar o processo prospectivo quanto para atingir os objetivos definidos, sendo efetuada durante todo o processo e depois de seu término, conforme Aulicino (2006).
3 Análise Conjuntural
3.1 Apresentação conceitual
Este capítulo apresenta um registro de fatos, tendo como base um banco de dados que oferece condições bastante próximas sobre o que ocorreu em determinado local e período, conforme Alves (2011).
Inicia-se com a aplicação de um questionário que busca explicitar o presente, a partir do passado, visando provocar mudanças e rupturas. Além disso, considera a realização de oficinas com a participação dos representantes de agentes sociais, que vivenciam atividades de sensibilização e conscientização sobre a realidade local.
Após esse evento e com base no acervo de informações coletadas, identificam-se as principais variáveis-chave. Em seguida, na Análise Estrutural, emergirão os impactos ou forças motrizes que visam à construção da visão estratégica do futuro e, como consequência, à construção de cenários.
3.2 Oficinas, roteiros e variáveis
As oficinas do processo prospectivo constituem um exemplo de verdadeira formação-ação, na medida em que oferecem aos participantes as condições indispensáveis para desencadear processos de reflexão prospectiva, através da qual o grupo, além de adquirir novos saberes, poderá desempenhar o papel de investigador, problematizando e levantando hipóteses para resolução de problemas.
Nestes encontros, os participantes são familiarizados com os métodos e as ferramentas do processo prospectivo para identificar e hierarquizar por conjunto os principais desafios do futuro, em favor do desenvolvimento de pessoas, lugares e produtos. Nesse sentido, tomou-se como referência de análise para ser debatida em pequenos grupos, com um mínimo de 6 e máximo de 12 integrantes, a principal atividade econômica da região: Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO, que será desmembrado em mais outros seis temas para a realização de encontros formativos e decisórios:
- Oficina a caça às “ideias recebidas”;
- Oficina a antecipação das “mudanças e rupturas … às ações”;
- Oficina a identificação dos “freios e inércias … às ações”;
- Oficina as árvores de competências do passado, presente e futuro.
Em processos em que o número de participantes ultrapasse 48 pessoas, algumas oficinas devem ser repetidas. A proposta deve apresentar-se coerente com os princípios básicos da prospectiva que sugere processos democráticos, participativos, cooperativos e o compartilhamento de ideias, em favor da identificação e definição das variáveis-chave, dos cenários entre outras possibilidades, isto é, cursos de ação, criativos e produtivos, a serem trilhados durante as 4 horas previstas para cada oficina.
A realização das oficinas segue os seguintes princípios:
permitir grande liberdade de expressão a todos os interlocutores (tempo de reflexão e re-colhimento de todas as ideias por escrito);
canalizar a produção dos participantes (sobretudo através de uma didática favorável de tempo, em que serão propostas e desenvolvidas atividades sob a luz de recursos e técnicas, tais como classificação das ideias, hierarquização, etc.).
As oficinas constituem um preâmbulo precioso, senão indispensável, isto é, representam uma rampa de acesso a qualquer reflexão prospectiva (AULICINO; FISCHMANN, 2020). Sua execução é simples e a sua metodologia facilmente apropriável. Ao final, o esperado é que o grupo alcance níveis de conhecimento sobre os problemas a serem resolvidos.
3.3 Varredura do ambiente
A realização do processo de varredura do ambiente no processo prospectivo é feita por meio de oficinas. Os participantes adquirem melhor conhecimento dos problemas em estudo, e, conforme ocorrem as sessões de síntese, ao final, os diferentes grupos partilham as suas reflexões, comparam-nas e apropriam-se do conhecimento coletivo que foi desenvolvido durante o processo.
Nesta etapa, foram realizadas quatro oficinas.
A intenção da oficina caça às ideias consiste em fazer um inventário das ideias recebidas e dos consensos dominantes, que circulam no âmbito do desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro. Partindo da percepção, ela permite revelar as “crenças não expressas” que tendem a moldar atitudes e estratégias e, assim, influenciar os jogos entre os atores.
Nesse contexto dinâmico, algumas ideias podem se apresentar fundamentadas ou não, nesse caso são geralmente admitidas sem que seja necessário argumentação, nem mesmo justificação. Esse movimento possibilita ao final uma reengenharia mental, compreendida como condição ou oportunidade para a elaboração das melhores perguntas sobre o futuro.
Os dados descritos a seguir foram obtidos do relatório das oficinas que proporcionaram o início do processo prospectivo de Cristalina 2040 publicado pelo orientador do Projeto, Prof. Dr. Antônio Luís Aulicino, do NAP-PLP, da FEA-USP e do IDS, realizado no município de Cristalina em 13 e 14 de junho de 2019.
3.3.1 Oficina de caça às ideias ou ideias recebidas ... as ações
Animador: Euler Loyola
Relator / Compartilhamento dos resultados: Eduardo Fernandes
Participantes/Filiação: Andressa H. dos Santos Figueiredo (FACEC), Cassandra Lucia de Maya Viana (IBITC), Eduardo Fernandes (Chapéu de Sol), Eudes Menezes Spindola (Balneário das Lages), Euler Loyola (SENAI GO), Janaína Chaves Carneiro (Sup. Mineração GO), Joy de Oliveira Pena (Câmara de Vereadores) e Thiago Augusto Dunk Rocha de Farias (FACEC)
Objetivamente, a intenção da oficina caça às ideias é identificar sugestões e percepções de maior impacto sobre o desenvolvimento de Cristalina 2040, notadamente através dos comportamentos e das representações dos atores. Esta reengenharia mental é essencial para auxiliar na elaboração das melhores perguntas sobre o futuro.
Algumas ideias recebidas, fundamentadas ou não, são geralmente admitidas sem que seja necessário argumentação ou justificação. Por exemplo: “Artesanato de Joias de Cristalina”; “Não haverá água em Cristalina”; “Cristalina será o maior polo de Turismo”; “O desenvolvimento de Cristalina é responsabilidade de sua sociedade”.
O objetivo consiste em fazer um inventário das ideias recebidas e dos consensos dominantes, que circulam no âmbito de desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
O benefício desta abordagem é que ela parte de uma percepção, que permite revelar as “crenças não expressas”, que tendem a moldar as atitudes e estratégias, e, assim, influenciar os jogos dos atores.
Etapas para realizar a oficina de “caça às ideias ou ideias recebidas”
- listar as ideias recebidas e os consensos dominantes que circulam no âmbito do desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro;
- hierarquizar essas ideias em função da importância de seu impacto sobre os comportamentos e as estratégias futuras dos atores;
- analisar o conteúdo das principais ideias recebidas;
- identificar os argumentos contra e a favor, tirar as lições dessa análise e propor ações concretas;
- definir as ações para as principais ideias.
Resultados obtidos com a oficina “caça às ideias”
Durante 10 a 15 minutos, cada participante estabelece em silêncio e por escrito a lista das ideias identificadas e dos consensos dominantes que circulam no âmbito do Desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Todos esses apontamentos são em seguida recolhidos e organizados por meio de várias rodadas entre os participantes. O grupo obteve, assim, 22 ideias identificadas e os consensos dominantes passíveis de impactar sobre o desenvolvimento de Cristalina 2040.
As ideias recebidas e os consensos dominantes identificados pelos participantes, da oficina, foram os seguintes:
- Apoio político para melhor aproveitamento do subproduto do quartzo;
- Certificação através do Centro Gemológico;
- Conscientização da população local do valor cultural e econômico mineral do município;
- Criação de um circuito de turismo de educação ambiental para crianças;
- Desenvolvimento do turismo mineral com foco cultural e científico;
- Dirigir como um privilégio;
- Educação continuada de turismo e meio ambiente da criança à 4ª. idade – todos os setores da sociedade;
- Excelência no atendimento;
- Horizonte Pirenópolis (educação);
- Incentivo à iniciação científica;
- Infraestrutura e sinalização ligadas ao APL;
- Integração das Secretárias de Turismo e Educação voltadas ao APL;
- Laboratório móvel;
- Levantamento e diagnóstico de todos os equipamentos turísticos de Cristalina para favorecer o incremento e infraestrutura;
- Maior fiscalização nas reservas legais nas fazendas;
- Mais qualidade no sinal de internet: recursos tecnológicos;
- Participação ativa da população nas decisões políticas;
- Programas de ingresso na sociedade;
- Promoção da cultura local “economia”;
- Resgate do turismo de cristais, melhoria da qualidade e credibilidade;
- Responsabilidade coletiva + gestão de resíduos;
- Segmentação do artesanato mineral em joias e semijoias;
- Sensibilização, conscientização e motivação dos responsáveis e proprietários dos pontos turísticos para aderirem às atividades turísticas;
- Turismo e agricultura;
- Turismo para todos – organizar procurando engajar todos os envolvidos;
- Valorização dos recursos hídricos.
As principais ideias – Procedimento utilizado
Um sistema de agregação de pontos de vista permitiu hierarquizar os 26 fatores, em função da importância de seu impacto sobre o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040, independentemente da sua natureza positiva / negativa.
Cada participante recebeu, neste caso, 13 pontos¹ (ou direito de voto) para distribuir entre 3 ideias identificadas que considera como tendo um impacto sobre o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro. Os participantes puderam escolher no máximo 4 fatores. O número de pontos a serem atribuídos a um item deverá situar-se entre 1 e 4: 1 = impacto fraco ou limitado; 2 = impacto sensível; 3 = impacto forte; 4 = impacto crítico.
' Este número é igual ao número de fatores (ou sejam 26 fatores) dividido por 2, sendo que quando o resultado for fracionado deve-se arredondar o número encontrado ao imediatamente superior. Esta regra, geralmente, é adaptada em função do número de fatores identificados e participantes do grupo de trabalho. Neste caso, 26 fatores divididos por 2 é igual a 13. Em seguida, o valor de 13 divide-se por 3 para se encontrar o número de fatores, pelos quais serão distribuídas as quantidades de pontos. Neste caso, 13 / 3 ≅ 4,33, que aproxima para 4. Então, os 13 pontos serão distribuídos para 4 fatores, de acordo com os graus de impacto.
Em seguida procedeu-se à soma dos votos dos participantes para cada fator, obtendo-se como resultado, conforme exibido no Quadro 1.
Quadro 1: Hierarquização das Ideias Identificadas
Identificar as consequências dessas ideias
As principais ideias e consensos dominantes, identificados na etapa 2, estão posicionados sobre um plano cujos eixos medem sua importância (ordenada) e seu impacto (abcissa) (negativo/freio ou positivo/motor) sobre o desenvolvimento de Cristalina 2040.
O posicionamento desses fatores no Plano: importância versus impactos, apresentados a seguir, devem ser lidos de maneira sistêmica (posição relativa de cada ideia identificada em relação às outras).
Neste processo, a classificação das ideias teve maior representatividade de ideias positivas / motores e classificação no meio, entre as duas opções, negativa e positiva, para o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro, conforme Figura 6.
Figura 6: Plano Importância x Impacto das principais ideias identificadas
Fonte: Relatório do Seminário “Processo Prospectivo do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina - GO”, 13 e 14 de junho de 2019, Aulicino (2019).
Etapas realizadas – Procedimento utilizado
Nesta etapa, é tratada a avaliação da credibilidade das principais ideias recebidas anteriormente identificadas. Essas ideias podem ser consideradas, ao menos parcialmente, como argumentos fundamentados? Para responder a esta questão, o grupo de trabalho identificou os argumentos que fundamentam ou não fundamentam cada uma das principais ideias recebidas (Quadro 2).
Quadro 2: Argumentos a favor e contra cada uma das principais ideias recebidas.
Ações referentes às ideias
Os participantes do grupo decidiram elaborar uma frase – síntese para expressar as ações para as principais ideias:
- mobilização social e diálogo com a classe política;
- planejamento das ações de educação e qualificação em amplo sentido;
- criação do Centro Gemológico;
- educação ambiental;
- ações de qualificação para atendimento ao cliente.
3.3.2 Oficina de “mudanças e rupturas ... as ações”
Animadora: Julhana Dias Fachinetto
Relatora / Compartilhamento dos resultados: Juliana Carvalho
Participantes/Filiação: Airton Arikita (COMTUR), Eliézer Bispo (Secr. Municipal de Turismo), Julhana Dias Fachinetto (ACAIC), Juliana Carvalho (Estilo Brazil Consultoria), Luciana Passos da Silva (Secr. Municipal de Educação), Maria de Fátima Fukushima (Hotel Fazenda Vale dos Cristais), Renata Almeida Krawezkei (Goiás Turismo) e Wanderley Souto de Souza (Coopercasabranca)
O objetivo consistiu em identificar quais são as mudanças de qualquer natureza (regulamentação, econômica, social, cultural, tecnológica, meio ambiente, demográfica, política e outras), de qualquer ordem (externa, interna), pressentidas, almejadas ou temidas para o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje no futuro, bem como as implicações dos fatores referidos e potenciais ações para remediar ou fortalecer tais fatores.
O benefício desta abordagem, é que ela parte de uma percepção que permite revelar as crenças não expressas, que tendem a moldar as atitudes e estratégias, e assim, influenciar os jogos dos atores.
Etapas
- listar os fatores de mudanças de qualquer natureza (regulamentação, econômica, social, cultural, tecnológica, meio ambiente, demográfica, política e outras), de qualquer ordem (externa, interna), pressentidas, almejadas ou temidas para o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje no futuro;
- hierarquizar essas mudanças em função da importância de seu impacto sobre o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040;
- avaliar o grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento em face das principais mudanças;
- identificar as consequências e proposições de ações.
Principais ideias – Procedimento utilizado
Durante 10 a 15 minutos, cada participante estabeleceu em silêncio e por escrito a lista das mudanças e/ou rupturas tecnológicas, econômicas, políticas, culturais, sociais, organizacionais, regulamentações etc. que vão marcar o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Todos esses fatores foram em seguida recolhidos e organizados por meio de várias rodadas entre os participantes. O grupo obteve, assim, os fatores de mudanças prováveis de impactar o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Mudanças e/ ou rupturas identificadas pelos participantes e o consenso dominante pelos participantes
- Comitês locais (bairros);
- Continuidade de Projetos (educação, agricultura etc.);
- População ter orgulho do agronegócio;
- Capacitar agentes locais;
- Atuar com escolas municipais com ações estruturadas com variáveis temas;
- Capacitar, integrar e aumentar os agentes de segurança e investir nos aparelhos de segurança;
- Conscientização da população local;
- COMTUR (mapa turístico);
- Inserir Campos Lindos no contexto “Cristalina”;
- Extrativismo x Meio Ambiente;
- Gerar emprego empresas x poder executivo;
- Investimentos privados no município;
- Produzir sem matar;
- Inclusão da história do município no currículo escolar;
- Criar leis e regulamentações para novos investidores – atualizar;
- Divulgação do município;
- Organização coletiva e profissionalização de cada segmento da sociedade;
- Fortalecimento e popularização do sistema associativo;
- Sinergia entre poder público e privado.
As principais mudanças – Procedimento utilizado
Um sistema de agregação de pontos de vista permitiu hierarquizar esses 19 fatores em função da importância de seu impacto sobre o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040, independentemente da natureza deste impacto (positivo/negativo).
Cada participante recebeu, neste caso, 10 pontos (ou direito de voto). A regra de classificação foi a seguinte: para cada um dos fatores (atribuiu-se determinado número de pontos) em função da importância de seus impactos sobre o Desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro. Os participantes escolheram no máximo 3 fatores. O número de pontos atribuídos a cada item devia situar-se entre 1 e 4, conforme seu impacto sendo: 1 = impacto fraco ou limitado; 2 = impacto sensível; 3 = impacto forte; 4 = impacto crítico.
Em seguida procedeu-se à soma dos votos dos participantes para cada fator, obtendo-se o Quadro 3.
² Este número é igual ao número de fatores dividido por 2, ou seja, 19 fatores. Quando o resultado for fracionado deve-se arredondar o número encontrado ao imediatamente superior. Esta regra geralmente é adaptada em função do número de fatores identificados e do número de participantes do grupo de trabalho. Neste caso, 19 fatores divididos por 2, é igual a 9,5 , aproxima-se para 10. Em seguida, o valor 10 divide-se por 3, para encontrar o número de fatores, pelos quais serão distribuídas a quantidades de pontos. Neste caso, 10 / 3 = 3,33, aproxima-se para 3. Então, os 10 pontos serão distribuídos entre 3 fatores, de acordo com os graus de impacto.
Quadro 3: Hierarquização das mudanças identificadas.
Avaliar o grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento em face das principais mudanças
As principais mudanças identificadas na etapa anterior foram posicionadas sobre um plano, cujos eixos indicam sua importância (ordenada) e o grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento (abcissa), conforme a Figura 7.
Figura 7: Plano Importância das mudanças x Grau de preparação dos Atores.
Fonte: Relatório do Seminário “Processo Prospectivo do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO”, 13 e 14 de junho de 2019, Aulicino (2019)
Cabe observar que os participantes deste grupo decidiram por somente 4 mudanças para análise.
Identificar as consequências e questões
As consequências e questões relativa às principais mudanças para o desenvolvimento futuro de Cristalina são apresentadas no Quadro 4.
Quadro 4: Consequências e questões das principais mudanças para o desenvolvimento futuro de Cristalina.
Ações referentes às mudanças
Devem abranger todas as mudanças, suas consequências e questões formuladas:
- Elaboração de um plano de marketing para divulgar o município.
- Mapeamento das organizações coletivas.
- Fomento e incentivo às vantagens de agir coletivamente.
- Criação de um plano estratégico entre poderes públicos, privado e OS (é privado).
3.3.3 Oficina de “Freios e Inércias ... as ações”
Animadora: Luciele Vaz
Relator / Compartilhamento dos resultados: Paulo Cesar Oliveira Prado
Participantes/Filiação: Carlos Wagner de Albuquerque Oliveira (IPEA), Lília Barbosa Ribeiro (Ecosol Energia Solar), Luciele Vaz (IBRACEDS), Murílo Fukushima (Hotel Fazenda Vale dos Cristais), Paulo Cesar Oliveira Prado (AAC) e Willian Francisco Souto (AAC)
O objetivo desta oficina consiste em fazer um inventário dos freios e inércias, que poderão prejudicar ou retardar o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
O benefício desta abordagem é que ela parte de uma percepção que permite revelar as crenças não expressas, que tendem a moldar as atitudes e estratégias, e assim, influenciar os jogos dos atores.
A prospectiva se interessa não só pelas mudanças, mas também pelas permanências. Em matéria de desenvolvimento regional, é necessário levar em consideração os freios, os obstáculos ou estrangulamentos, assim como a resistência à mudança proveniente das inércias.
Etapas
- listar os freios, obstáculos, gargalos, estrangulamentos e inércias de qualquer natureza (regulamentação, econômica, social, cultural, tecnológica etc.), de qualquer ordem (externa, interna) para o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro;
- hierarquizar esses fatores em função da importância de seu impacto sobre o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040;
- avaliar a domínio dos atores do desenvolvimento face a estes principais fatores;
- identificar as exigências prévias e condições de sucesso para o Desenvolvimento de Cristalina 2040; e
- propor 5 a 10 ações concretas.
As principais ideias da Oficina “freios e inércias” – Procedimento utilizado
Durante 10 a 15 minutos, cada participante estabeleceu em silêncio e por escrito a lista de freios, obstáculos, gargalos, estrangulamentos e inércias de qualquer natureza e ordem para o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Todos esses fatores foram em seguida recolhidos e organizados por meio de várias rodadas entre os participantes. O grupo obteve, assim, 23 freios/inércias e consensos dominantes prováveis de impactar sobre o desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Os freios e as inércias
Os freios e as inércias identificados pelo grupo foram:
- Alto custo e dificuldades ao acesso de materiais de insumo;
- Ausência de um laboratório para análise das gemas;
- Baixa capacidade de investimento em ações de marketing;
- Baixo grau de design e inovação dos produtos na região;
- Baixo investimento em infraestrutura;
- Baixo nível de profissionalização das empresas;
- Falta certificação dos produtos do APL;
- Falta certificado de origem;
- Deficiência nos processos de governança do APL;
- Desinteresse da sociedade;
- Falta de divulgação dos pontos turísticos;
- Falta da conscientização da sociedade da importância dos pontos turísticos;
- Falta de agregar valor nos produtos (artesanato);
- Falta de capacitação profissional;
- Falta de cuidado com as culturas do município;
- Falta de formação de novos artesãos;
- Falta de incentivo para o APL e turismo;
- Falta de investimento em cultura e tecnologias;
- Falta de linhas de créditos direcionadas para o APL, com taxas menores de juros;
- Falta de planejamento para o APL e turismo;
- Falta de planejamento para os recursos do município;
- Falta de segurança; e
- Melhor segurança na área de lazer e educação para preservação dos pontos turísticos.
Principais freios e inércias – Procedimento utilizado
Um sistema de agregação de pontos de vista permitiu hierarquizar esses 23 fatores em função da importância de seu impacto sobre o futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040, independentemente da natureza desse impacto (positivo / negativo). Neste caso, a quantidade de pontos a ser distribuída entre os fatores foi de 12 pontos e distribuídos entre 4 fatores, situados entre 1 e 4, conforme seu impacto sendo: 1 = impacto fraco ou limitado; 2 = impacto sensível; 3 = impacto forte; 4 = impacto crítico.
Em seguida procedeu-se à soma dos votos dos participantes para cada fator, obtendo-se resultado mostrado no Quadro 5.
Quadro 5: Relação dos fatores freios e inércias hierarquizadas.
Avaliar o grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento em face das principais mudanças
Os freios e as inércias identificados na etapa 2 foram posicionados sobre um plano cujos eixos medem sua importância (ordenada) e seu grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento (abscissa) (negativo/freio ou positivo/motor) sobre o Desenvolvimento de Cristalina 2040.
O posicionamento desses fatores no Plano Importância x Grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento, apresentados a seguir, devem ser lidos de maneira sistêmica (posição relativa de cada ideia identificada em relação às outras).
Neste exercício, as ideias foram concentradas em forte importância e fraco grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento e fraca importância e fraco grau de preparação atual dos atores do desenvolvimento, conforme Figura 8.
Figura 8: Plano Importância dos freios e inércias x Grau de preparação dos Atores
Fonte: Relatório do Seminário Processo Prospectivo do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato Mine-ral e Turismo de Cristalina/GO, 13 e 14 de junho de 2019, Aulicino (2019).
Identificar as exigências prévias e as condições de sucesso para o desenvolvimento de Cristalina 2040
Nesta etapa foram identificadas as exigências prévias e as condições de sucesso dos principais freios/inércias para o desenvolvimento futuro do desenvolvimento de Cristalina 2040, seu ambiente hoje e no futuro.
Observa-se que os participantes do grupo consideraram somente três fatores para análise, não levando em conta a ordem de importância do total de pontos, conforme Quadro 6. Porém, foi respeitada a orientação fornecida que deve seguir o grau de importância dos fatores.
Quadro 6: Fatores para análise
As ações concretas para os principais freios e inércias foram:
As exigências prévias e as condições de sucesso para o desenvolvimento de Cristalina 2040 foram:
desenho de um plano de ação por parte da Prefeitura;
negociar com parlamentares emendas orçamentárias com parlamentares;
planejamento econômico-financeiro;
alinhamento orçamentário dos três níveis do governo (federal, estadual e municipal);
adequação às normas e leis ambientais;
promoção de campanhas por parte de agentes públicos para envolvimento da sociedade; e
capacitação profissional.
3.3.4 Oficina “Árvore de competência do passado, do presente ... e do futuro”
Animador: Roosevelt Tomé
Relatora / Compartilhamento dos resultados: Simony Côrtes da Silva
Participantes/Filiação: José Augusto Vieira (MDR), Maria Bela (Cidadã), Priscila D. Vieira Cavalcante (Vega Transporte), Roosevelt Tomé (IBITC), Simony Côrtes da Silva (Águia Ambiental) e Thaís Paulino de Souza (Balneário das Lages)
O objetivo é elaborar as dinâmicas passadas e presentes do desenvolvimento de Cristalina 2040, na elaboração de sua árvore de habilidades. Esta oficina define a vocação, as competências e seus conhecimentos, mas também sua organização até as linhas de produtos e/ou serviços. A dinâmica leva em conta as mudanças no ambiente.
Na primeira parte foram construídas as árvores do passado e do presente, analisando os pontos fortes e fracos da árvore do presente em relação ao passado. Na segunda parte foi construída a árvore do futuro e analisadas as oportunidades e ameaças em relação à árvore do presente.
Procedimento utilizado
A oficina da “árvore de competência do passado e presente” seguiu as etapas, conforme Figura 9:
- construção da árvore do passado (10 a 20 anos);
- construção da árvore do presente: identificar os pontos fortes e os fracos.
Figura 9: Estrutura da Árvore de competência do passado, presente e futuro
Seguem as etapas realizadas e os resultados, considerando:
- as raízes: valores, competências e pessoas, recursos financeiros, recursos tecnológicos, comerciais, produtivos e outros... adaptados, ao desenvolvimento de Cristalina 2040.
- o tronco: processo, organização e outros adaptados ao desenvolvimento de Cristalina 2040.
- os ramos: linhas de produto – mercado, serviço – mercado e outros adaptados ao desenvolvimento de Cristalina 2040.
Construir a árvore do passado (10 ou 20 anos) – Procedimento utilizado
Durante 10 a 20 minutos, cada participante elabora sua própria lista de elementos da árvore: raízes, tronco e ramos. As ideias são em seguida recolhidas e organizadas, executando-se várias rodadas sucessivas.
Árvore de competência do presente
Foram identificados os pontos fortes e os pontos fracos em relação ao ambiente do desenvolvimento de Cristalina 2040, e aos atores, considerando-se a Árvore de Competências do Passado. Essa atividade foi efetuada conforme os participantes foram identificando os elementos do presente.
O Quadro 7 foi preenchido pelos participantes, inicialmente a árvore de competência do passado e, posteriormente, a árvore de competência do presente, com os diversos fatores, identificando se é ponto fraco e/ou ponto forte em relação aos fatores da árvore de competência do passado. O importante desta oficina foi o resgate do passado e a realidade do presente, considerando nesta reflexão os grandes aspectos.
A dinâmica que resultou no quadro apresentado na foto abaixo (contribuições) proporcionou melhor visualização da situação passada e presente de Cristalina.
Quadro 7: Fatores da Árvore de Competência do Passado e do Presente e Pontos Fracos e Fortes.
Obs.: Os pontos fortes e fracos devem ser identificados no PRESENTE em relação ao PASSADO. Ao analisar alguns dos aspectos, verifica-se uma incoerência, por ex.: ao mesmo tempo identifica um ponto fraco que se refere ao DESMATAMENTO, porém identifica ao mesmo tempo um ponto forte que se refere a PRESERVAÇÃO do CER-RADO. Esta análise é incoerente. Neste processo, foi considerado DEGRADAÇÃO AMBIENTAL como ponto fraco.
Construção da Árvore de Competência do Futuro
O objetivo da oficina é imaginar um futuro desejável/realizável diante das ameaças e oportunidades do ambiente e construir uma árvore de competência do futuro para o desenvolvimento de Cristalina 2040, sabendo que a Análise Prospectiva permite considerar que o futuro possui incertezas e está aberto para muitos futuros possíveis.
Etapas da Oficina de "Árvore de competência do futuro”
- construiu-se a árvore do futuro (10 a 20 anos), levando em consideração as mudanças críticas identificadas, considerando o que deve ser: conservado, desenvolvido ou abandonado. Nestas considerações, levaram-se em conta as possíveis ameaças e oportunidades, identificando os elementos da árvore impactados (ativos e vulneráveis);
- construiu-se a árvore de competências desejável para o futuro do Desenvolvimento de Cristalina 2040, considerando o que deve ser: conservado, desenvolvido ou abandonado. Nestas condições, levaram-se em conta as possíveis ameaças e oportunidades do ambiente.
Nesta oficina, a construção da árvore de futuro levou em conta as forças e fraquezas do desenvolvimento de Cristalina 2040 e as consequências das mudanças.
Árvore do futuro (10 a 20) anos – Procedimento utilizado
Durante 10 a 20 minutos, cada participante elaborou sua própria lista de elementos da árvore: raízes, tronco e ramos. As ideias foram em seguida recolhidas e organizadas, executando-se várias rodadas sucessivas.
Em seguida, no Quadro 8, foi preenchida, pelos participantes, a árvore de competência do futuro, com os diversos fatores. Depois identificaram-se os aspectos referentes a oportunidades e ameaças da Árvore do Futuro em relação à Árvore do Presente. O importante desta oficina foi obter o que os participantes desejam para o futuro de Cristalina 2040 em relação à situação presente.
Quadro 8: Fatores da Arvore de Competência do Presente e do Futuro.
Consolidação parcial dos resultados e a construção de cenários
A partir dos resultados obtidos nas diversas oficinas foi elaborada uma síntese, conforme apresentado na Figura 10, que retrata a identificação das variáveis-chave que vão compor a Análise Conjuntural do Processo Prospectivo para que seja efetuada a Análise Estrutural sendo então utilizado o software MICMAC, da LIPSOR – CNAM, para efetuar a Análise de Impacto Cruzado.
Figura 10: Identificação das variáveis, resultantes das quatro oficinas
Nas oficinas realizadas e a partir de seus resultados, foi possível identificar as variáveis-chave para efetuar uma Análise Estrutural.
Nesta primeira análise, foram identificadas 26 variáveis-chave, que poderão ser desmembradas ou não, ou agrupadas, ou identificadas outras variáveis-chave quando forem aprofundadas e identificar variáveis provocadoras de tendências ou de rupturas, que sejam importantes separar e aprofundar, em razão da sua importância e ter uma influência muito forte no futuro sobre as demais variáveis e no desenvolvimento do Cristalina 2040. A identificação das variáveis-chave foi efetuada analisando as diversas oficinas e seus resultados.
3.3.5 Oficina das “Variáveis ... ao jogo dos atores”
Participantes/Filiação: Airton Arikita (ACAIC), Eduardo Fernandes (Chapéu do Sol), Elisa L. Vieira Cavalcante (IBRACEDS), Eudes Menezes (Balneário das Lajes), José Augusto Vieira (MDR), Julhana Dias Fachinetto (ACAIC), Maria Bela C. Ribeiro (Cidadã), Maria de Fátima Fukushima (Hotel Fazenda Vale dos Cristais), Priscila D. Cavalcante (Vega Transporte), Thais Paulino de Souza (Balneário das Lages), Valter Tomaz de Souza (Câmara Municipal), Wanderley Souto de Souza (GCM) e Willian Francisco Souto (AAC)
O objetivo consiste em identificar as variáveis-chave, visando à consolidação das mais importantes para o desenvolvimento de Cristalina 2040 e encontrar os atores implicados nas situações que estão em jogo. Escolhem-se as cinco principais variáveis-chaves e identificam-se os atores.
Este processo encontra-se no relatório elaborado por Aulicino (2019) a partir da oficina realizada no dia 15 de junho de 2019 e publicado no endereço cristalina2040.wordpress.com.
Consideram-se as 26 variáveis-chave, que serão aprofundadas, devendo ser hierarquizadas e, em seguida, verificar o grau de preparação dos atores. Diante desse contexto, foi definida a distribuição dos pontos e a quantidade de variáveis da seguinte forma: total de 13 pontos (26/2=13) para serem distribuídos entre 4 "variáveis" (13/3=4), no máximo. O número de pontos a serem atribuídos a um item (mudança) deverá situar-se entre 1 e 4, sendo: 1 - impacto fraco ou limitado; 2 - impacto sensível; 3 - impacto forte e 4 - impacto crítico.
Mapeamento dos agentes sociais e dos atores
No Quadro 9, apresenta-se o comportamento dos atores conforme seu Poder, Legitimidade e Urgência.
Quadro 9: Comportamento dos atores conforme seu Poder, Legitimidade e Urgência
Hierarquização das variáveis
Os participantes analisaram e pontuaram as 26 variáveis identificadas e consolidadas no seminário do processo prospectivo de acordo com a importância. A consolidação da pontuação segue no Quadro 10.
Quadro 10: Lista das 26 variáveis com hierarquização.
Inicialmente, era para escolher as cinco principais variáveis, mas como havia um empate entre três variáveis, de 13 pontos, decidiu-se incluir todas, e por consequência dessa decisão, totalizaram-se ao todo seis variáveis.
Deve ser ressaltado que a decisão dos participantes é preponderante, desde que não prejudique a técnica aplicada e contribua na evolução da técnica. Além disso, propícia a motivação aos participantes, que vão se sentindo mais integrados ao processo.
Outra aprendizagem é que as principais variáveis propiciam a identificação dos principais atores do Processo Prospectivo para o desenvolvimento de Cristalina 2040.
Avaliação do grau de preparação dos atores
Verificou-se que o grau de preparação dos atores é fraco para as principais variáveis, sendo um dos principais desafios para o futuro (Figura 11). Verifica-se, também, que há necessidade de mobilização de outros atores do desenvolvimento para poder mitigar essa variável no futuro.
Figura 11: Plano Importância das Variáveis x Grau de preparação dos ATORES
Identificação dos atores por variável
Identificar, a partir das variáveis críticas, do desenvolvimento de Cristalina 2040, os atores implicados pelas situações que estão em jogo, considerando o desenvolvimento de Cristalina 2040 em questão, os objetivos e horizonte definido, seu ambiente hoje e no futuro.
Segundo Bassaler (2004), para definir a quantidade de atores, é necessário refletir sobre o nível de detalhe que se deseja atingir no desenvolvimento de Cristalina 2040 em análise considerando os objetivos a serem atingidos e o tempo disponível para essa reflexão. O importante é identificar os atores que realmente desempenham um papel importante no desenvolvimento de Cristalina 2040, na situação atual. No Quadro 11 são identificados as variáveis e os respectivos atores.
Quadro 11: Variáveis e os respectivos atores.
Elaborou-se uma lista única dos atores correspondente às variáveis-chave hierarquizadas. Há necessidade de se realizar uma análise melhor em razão de terem sido listadas várias secretárias municipais, que poderiam ser incorporadas num único ator a Prefeitura Municipal, que não foi listada.
Após esta análise, os participantes deverão identificar para cada ator: descrição do ator, a finalidade, a missão, os objetivos estratégicos e operacionais, os projetos e se possível as estratégias, os pontos fortes e fracos.
4 Análise Estrutural
4.1 Apresentação conceitual
Múltiplas são as definições para a palavra sociedade, nas várias áreas do conhecimento. Por exemplo, para a antropologia – ciência que estuda o homem em seu processo de evolução, a partir de seu comportamento social – “a sociedade é uma condição universal da vida humana”, define o etnólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro (2002, p. 207).
Entre as definições mais diversas, pode-se identificar um denominador comum: a sociedade é um sistema organizado, cujos elementos estão interligados e interagem entre si.
Nesse sentido, já que viver em sociedade é uma condição para o desenvolvimento do ser humano, o respeito às diversidades e individualidades, a compreensão de que o mundo é resultado de suas ações deveria estar posto, entretanto, sabemos o quão distantes nos encontramos desses ideais. Ao mesmo tempo, sabemos que não é possível empreender sozinho, pensar sozinho nem, muito menos, exigir que o outro faça com exatidão o que foi planejado por nós, às vezes, meses atrás.
É possível, no entanto, reverter esse quadro tão comum nas organizações, de projeções futuras pensadas individualmente ou por um pequeno grupo de pessoas. Como? Planejando junto, de forma consciente, participativa e independente, com todos os envolvidos em determinado contexto socioprofissional.
Esse nível de exigência, entretanto, requer por parte de quem coordena ou faz parte de um comitê de governança, acreditar nas condições, nas ideias e no conhecimento que o outro possui, quando se tem em pauta um problema que vem impedindo a organização de passar de um estágio para outro mais avançado, com base no que ocorre no presente, mas marcado por ações do passado.
Nesse sentido, toda e qualquer organização pode oferecer àqueles que dela participam, as condições para acompanhar inovações, identificar as possibilidades que emergem tanto dos ambientes internos, quanto dos externos e que possam favorecer transformações, mudanças e rupturas, para que elas possam ser colocadas de forma estruturada, gerando cenários futuros.
A análise estrutural prospectiva tem essa função quando o movimento é compartilhar ideias e decisões, porque tem entre seus mais importantes objetivos, estabelecer, a partir dos elementos de um sistema o que está interrelacionado. Seu fundamento perpassa uma representação exaustiva da organização, para, numa segunda etapa, reduzir a complexidade do sistema identificando no contexto estudado, as variáveis-chave.
Dessa forma, a análise estrutural oferece a possibilidade de descrever um sistema com o auxílio de uma matriz que estabelece a relação de todos os elementos constituintes do sistema” (GODET, 1991). Tal método permite estudar as relações e identificar as variáveis-chave mais importantes do projeto.
4.2 Análise estrutural dos atores – MACTOR
A partir das reflexões, das informações da Oficina “Variáveis ... aos jogos dos Atores”, das reflexões e priorização, foi utilizado o software MACTOR, do LIPSOR/CNAM, em que os atores identificados foram inseridos, gerando registros de dados e os respectivos nomes mnemônicos ou curtos, para se construírem as matrizes Ator x Ator, iniciando-se a análise dos Atores, por meio do software MACTOR, do LIPSOR/CNAM. Os atores definidos nas oficinas foram:
- Sociedade (SOCIEDADE);
- COMTUR (COMTUR)
- Secretaria de Educação, Cultura e Lazer (SECECL);
- Instituição de Ensino e Pesquisa (IEP);
- Superintendência da Mineração (SupMIN);
- Ministério Público (MisPub);
- Guarda Municipal (GuardMun);
- Corpo de Bombeiros (CorpBomb);
- Conselho de Segurança Municipal (ConSeg);
- Secretaria de Planejamento - Infraestrutura (SecPlanInf);
- Secretária de Saúde (SecSau);
- ACAIC (ACAIC);
- Green Gold (GreenGold);
- AAC (AAC);
- Centro de Tecnologia Mineral (CETEM).
Ao entrar com os dados no software MACTOR, obtém-se a matriz de influência direta. A Matriz de Influências Direta (MDI) Ator x Ator, criada a partir da tabela de estratégias dos atores, descreve as influências diretas dos atores sobre cada um dos outros atores.
Influências são classificadas de 0 a 4, de acordo com a importância do risco possível do ator: 4 – quando o ator Ai pode contestar ou pode confirmar a existência do ator Aj; 3 – quando o ator Ai pode contestar ou pode confirmar as missões do ator Aj; 2 – quando o ator Ai pode contestar ou pode confirmar os projetos do ator Aj; 1 – quando o ator Ai pode contestar ou pode confirmar os processos operacionais do ator Aj; 0 – quando o ator Ai não tem nenhuma influência sobre o ator Aj.
Na Tabela 2, é apresentada a matriz com pontuação consolidada com os participantes da oficina.
Tabela 2: Matriz consolidada na Oficina.
Os estudos apresentam os resultados descritos a seguir:
- Matriz de Influências Diretas e Indiretas (MDII): A matriz MDII determina as influências diretas ou indiretas de ordem 2 entre os atores. A utilidade desta matriz é sua visão mais completa dos jogos de competitividade (um ator pode reduzir o número de escolhas de outro, influenciando-o por meio de um ator intermediário).
- A operação de 'soma' usada para calcular que a MDII não produz (nesta nova matriz) na mesma escala de intensidades adotadas para avaliar influências diretas em MDI. Apesar disso, valores em MDII são um bom indicador da importância das influências diretas e indiretas que os atores têm uns sobre os outros.
- Dois indicadores são calculados a partir da MDII: (i) o grau de influência direta e indireta de cada ator (Ii, pela soma das linhas) e (ii) o grau de dependência direta e indireta de cada ator (Di, pela soma das colunas).
Na Figura 12, apresenta-se o mapa de influência e dependência entre os atores.
Figura 12: Mapa de influência e dependência entre os atores.
O mapa de influências e de dependências entre os atores é uma representação gráfica das posições dos atores com relação às influências e dependências (direta ou indireta: Di e Ij) entre si. Essas posições são calculadas automaticamente pelo software MACTOR.
O mapa de influências e dependências entre os atores contém informações sobre os atores, o que cada quadrante significa e a explicação dos eixos de controle e de implicação:
- Eixo de Implicação: um ator pouco influente e pouco dependente, fora do jogo; e ao contrário, muito influente e dependente, mas ele está envolvido nas redes de influência e dispondo de meios de ação.
- Eixo de Controle: permite distinguir os atores dominantes, dos atores mais sensíveis (ou dominados).
De acordo com o mapa, considerando-se o eixo de controle, os atores dominantes são:
- Superintendência da Mineração e Centro de Tecnologia Mineral.
De acordo com o Mapa, considerando-se o eixo de implicação, os atores muito influentes e dependentes são:
- Sociedade, Instituição de Ensino e Pesquisa, Secretaria de Educação, Cultura e Lazer, GreenGold, Secretaria de Planejamento – Infraestrutura, Corpo de Bombeiros, COMTUR, AAC, ACAIC, Conselho de Segurança Municipal, Secretaria de Saúde.
Neste caso, dos implicados, há a possibilidade de agrupar as secretarias e outros órgãos que estão subordinados à Prefeitura de Cristalina, como em outros casos de atores que podem ser agrupados.
- Lembrar que os atores dominantes e os implicados fazem parte das variáveis-chave, que serão aprofundadas. Poderão ser incluídos outros atores nessa análise do aprofundamento.
4.3 Aprofundamento das variáveis
A análise estrutural consiste em fazer um estudo aprofundado das variáveis definidas. Para tanto, é necessário que os grupos façam um aprofundamento em diferentes dimensões de cada variável-chave, que deve conter: nome completo da variável; nome curto (expressão mnemônica); descrição da variável; evoluções passadas; variáveis que provocaram as evoluções; situação atual das variáveis provocadoras das evoluções; tendências futuras das variáveis provocadoras; rupturas futuras das variáveis provocadoras; definição de hipóteses; e referências bibliográficas.
4.3.1 Seminário – Apresentação das variáveis
Nos dias 25 de agosto, 1 e 8 de setembro de 2020, foram realizados seminários para apresentação das variáveis. Por conta da pandemia, esse seminário foi totalmente virtual e contou com mais de 100 participantes inscritos e outros que puderam assistir pelo canal do youTube disponibilizado pela ACAIC e ITEGO/ABRACEDS. O seminário ocorreu utilizando a ferramenta Zoom disponibilizada pela ASPACER, em parceria com o Ministério da Economia e Ministério da Ciência, da Tecnologia e Inovação, através do GTP APL, IBICT e CT Rede APL Mineral.
O objetivo do evento virtual foi promover a integração das atividades econômicas do desenvolvimento sustentável territorial e o fortalecimento do Arranjo Produtivo de Gemas e Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina/GO. A apresentação das variáveis dos fatores de desenvolvimento da região, com metodologia para ser aplicada em outros APLs, tem a proposta de sensibilizar a sociedade civil organizada e o poder público para que juntos alcancem os objetivos planejados, conforme notícias divulgadas nas mídias locais e site da Associação ACAIC. Esse seminário ocorreu um ano e meio após o início do projeto. Portanto, além de sensibilizar, o seminário também teve o objetivo de conscientizar a sociedade cristalinense e motivá-la para participar da etapa de desenvolvimento do Plano de Ação, nos meses seguintes.
No gráfico da Figura 13, mostra-se o perfil dos inscritos no seminário.
Figura 13: Tipos de agentes sociais que participaram do seminário
Fonte: Lista das inscrições do seminário (set. 2020)
Importante notar que várias pessoas se inscreveram no seminário, participando como Cidadão (34%) e, eventualmente, podem fazer parte de alguma entidade ou organização, mas são, acima de tudo, cidadãos que têm interesse em participar do desenvolvimento do município de Cristalina/GO.
Imagens relativas ao seminário de apresentação das variáveis (25/08, 01/09 e 08/09 de 2020)
4.3.2 Descrição das variáveis - Projeto Cristalina 2040
Durante os encontros dedicados à participação nas oficinas, obtiveram-se, como um dos principais resultados, 27 variáveis-chave, que foram aprofundadas e apresentadas pelos seus autores no seminário de 25 de agosto, 1 e 8 de setembro de 2020 (como descrito no item anterior). Essas variáveis visam orientar a definição de ações que irão viabilizar o desenvolvimento do processo de prospectiva Cristalina 2040 para as dimensões cultural, econômica, legal, política, social, de sustentabilidade e tecnológica.
Segue um resumo de cada variável e um link (a ser adicionado) para acessar o documento completo que traz, para cada variável, as informações conforme especificadas no item 4.3.
Variável 1 [Dimensão sustentabilidade]: Consumo e uso sustentável dos recursos naturais – CONSUST
A sustentabilidade tem como foco principal o consumo e uso sustentável dos recursos naturais. Nesse sentido, objetiva criar um ambiente favorável para promoção da integração de atividades econômicas indutoras do desenvolvimento sustentável territorial, voltado para o fortalecimento do Arranjo Produtivo de Gemas, Joias, Artesanato e Turismo de Cristalina/GO.
Variável 2 [Dimensão cultural]: Resgate total da cultura – RTCULTURA
Busca valorizar e oferecer as condições para a construção de conhecimento das manifestações, crenças e tradições de um dado contexto cultural e suas formas de expressão, com o objetivo de: entender a cultura local, em um contexto dinâmico e sob a perspectiva da sustentabilidade e de seu relacionamento com o processo de desenvolvimento local.
Variável 3 [Dimensão cultural]: Divulgação do Município - DIVMUN
Propõe a divulgação do município de forma ampla ou direcionada a públicos-alvo específicos, dentre os quais se destacam os segmentos mineral e de turismo, visando à promoção da visitação de contingente mais significativo de pessoas, seja para turismo de negócios, seja de lazer. O objetivo é, portanto, atrair a atração de novos investimentos, em favor do desenvolvimento econômico e da geração de emprego e renda.
Variável 4 [Dimensão política]: Infraestrutura urbana, rural, turística e sua conservação – INFRAURT
Tem como base duas linhas de estudo, a partir do conceito de infraestrutura. A primeira diz respeito ao suporte aos cidadãos em seus domicílios, (habitação, saneamento e transporte urbano) e a segunda, inclui as áreas urbana, rural e economia local. Esta variável objetiva englobar de forma sustentável as necessidades de infraestrutura tanto para os aspectos sociais quanto para os econômicos.
Variável 5 [Dimensão política]: Política municipal para o segmento do Turismo – POMUT
O propósito da política de turismo é propiciar benefícios máximos aos interessados na região, oferecendo a eles uma ampla gama de benefícios econômicos e sociais – geralmente, emprego e renda. Nesse sentido, esta variável aponta como objetivo integrar ao Plano Estratégico, o Modelo de Gestão do Poder Público e as Peças Orçamentárias do Município, garantindo prioridade às ações políticas para o segmento do Turismo, tendo em vista implementá-lo de forma contínua.
Variável 6 [Dimensão política]: Política pública em exploração mineral e aproveitamento dos subprodutos – PPEMINAS
Política pública é um instrumento de orientação dos planos de governo, sendo base para tomada de decisões, desenvolvimento de programas específicos, realização de ações e alocação de recursos financeiros quando disponíveis. Nesse sentido, essa variável objetiva, além de explorar e extrair bens materiais encontrados em lugares específicos na natureza, induzir a necessidade de se elaborar medidas de descarte e controle dos rejeitos e resíduos da mineração que podem ser separados em materiais estéreis ou sólidos de extração.
Variável 7 [Dimensão social]: Segurança em áreas de lazer e turismo – SALTUR
A Segurança nas áreas de lazer e turismo constitui parâmetro essencial para utilização dos espaços públicos, seja edificações urbanas, seja atrativos naturais, sendo parte da infraestrutura necessária e considerada para fins de visitação. Dessa forma, o objetivo desta variável é informar para garantir proteção à vida, à integridade física, psicológica e econômica, além de contar com serviços básicos essenciais, incluindo sinalização, acesso, condições higiênico-sanitárias e apoio à questão de saúde e acidentes nos locais de visitação.
Variável 8 [Dimensão social]: Sinergia de fato entre setor público e privado – SINPP
Sinergia significa um trabalho ou esforço simultâneo, para realização de uma determinada tarefa de forma cooperativa e coesa, visando atingir um dado objetivo. Caracteriza-se pelo entendimento de que o todo é a soma das partes. Para tanto, desencadeado por essa principal ideia, essa variável tem como objetivo criar um modelo de gestão compartilhada, colaborativa e proativa, a partir da definição de prioridades e alternativas de ação e, ainda, realização de ações conjuntas, negociadas previamente entre os setores interessados, incluindo planejamento, apoio técnico e financeiro para alcance de objetivos comuns e previamente definidos.
Variável 9 [Dimensão social]: Fortalecimento do associativismo na Sociedade – FAS
Com origem no lexema latino “associare”, formado de “socius”, que significa companheiro, associativismo é um conjunto de pessoas que se juntam para perseguir determinado fim. Com base nesse conceito, essa variável objetiva formalizar uma associação, juridicamente e de forma livre constituída pela união de pessoas.
Variável 10 [Dimensão social]: Educação continuada e desenvolvimento nas escolas e instituições de ensino técnico nos setores de atividades de Cristalina – EDUCDESTEC
A necessidade da formação em serviço e continuada é um passo imprescindível em favor da qualidade dos serviços prestados em qualquer área de atuação. Nesse sentido, o objetivo aqui, é a aplicação de metodologias fundamentadas em princípios que, quando implementadas em conjunto, possibilitam a transformação do indivíduo através do desenvolvimento de habilidades e competências e assim fortalecem o processo de trabalho.
Variável 11 [Dimensão social]: Profissionalização nas empresas e excelência no atendimento – PROFEXA
Profissionalização é tornar alguém ou a si mesmo profissional, capacitando-se, aperfeiçoando-se e habilitando-se. O objetivo, portanto, é investir na conscientização da empresa em responder com maior grau de eficácia, aos desafios do ambiente de negócios, cada vez mais complexo e competitivo.
Variável 12 [Dimensão legal]: Certificação mineral pelo Centro Gemológico – CMCEGEM
O Centro Gemológico possui um espaço físico que consiste na reunião de quatro equipamentos para atender tecnologicamente às necessidades de reconhecer o tipo de pedra, se é genuína ou reconstituída em laboratório, bem como diferenciar as idênticas, suas propriedades e valor, a exemplo das águas marinhas versus topázio, rubi versus granada, cristal versus topázio branco, ou mesmo o diamante versus a crisólita, etc. O objetivo dessa variável é o fornecimento da Certificação pelo Centro Gemológico.
Variável 13 [Dimensão legal]: Certificado de origem – CERTIFOR
Benefícios fiscais decorrem diretamente de disposições previstas em acordos comerciais e atendimento a exigências impostas pela legislação dos países destinatários. A partir desse parâmetro, essa variável tem como objetivo viabilizar certificados de origem, os quais são documentos que atestam a origem da mercadoria, com a finalidade de garantir sua procedência e obter benefícios fiscais na entrada da mercadoria nos países destinatários.
Variável 14 [Dimensão econômica]: Formação e valorização de artesãos – MELHORART
Essa variável foi selecionada e priorizada pela importância fundamental, no que diz respeito à expansão e consolidação do setor de artesanato. Nesse sentido, ela explicita e objetiva um necessário investimento, voltado para a total compreensão sobre a profissão de “ser artesão”, tendo em vista sua valorização consciente.
Variável 15 [Dimensão econômica]: Envolvimento da sociedade na apropriação dos segmentos mineral e turístico – ENSASTURM
Essa variável sai em defesa do envolvimento da sociedade como processo contínuo, estimulando o diálogo e a cooperação entre pessoas e grupos sociais, com vistas à obtenção de contribuições de cunho econômico, ambiental e social de importância para o desenvolvimento dos municípios e melhoria da qualidade de vida para a população.
Variável 16 [Dimensão econômica]: Maior efetividade do APL Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina – APL
Frente a muitas dificuldades, entre elas a pouca credibilidade por parte dos profissionais artesãos quanto à real importância do associativismo, a ansiedade por ganhos imediatos e a falta de recursos financeiros para ações e projetos de maior alcance, esta variável tem como objetivo a redefinição e ajustes, para que se chegue à etapa de geração ampla de resultados e consolidação do APL.
Variável 17 [Dimensão tecnológica]: Desenvolvimento contínuo de tecnologia – DECTEC
O desenvolvimento contínuo de tecnologia é essencial para o crescimento econômico e social, especialmente para a área de turismo e artesanato mineral. Nesse sentido esta variável toma como foco o investimento em recursos avançados e adequados às especificidades geográficas, culturais, educacionais e econômicas de Cristalina.
Variável 18 [Dimensão social]: Sociedade – SOCIEDADE
O conceito subjacente ao de sociedade é o de "companheirismo", portanto encontra-se intimamente relacionado ao que é social ou, ainda, expressa um conjunto de pessoas que convive de forma organizada, compartilhando propósitos e costumes e que interagem entre si. Dessa forma, essa variável propõe a continuidade próxima e intuitiva entre as pessoas em favor da construção ou reconstrução de vínculos afetivos, econômicos, sociais e políticos.
Variável 19 [Dimensão política]: Prefeitura Cristalina – PREFCRIS
A Prefeitura é a sede do Poder Executivo do Município. Em várias localidades, denomina-se Paço Municipal, que, popularmente, também designa o imóvel onde estão instaladas as dependências do governo municipal, local de trabalho do prefeito e dos responsáveis pela estrutura de organização, que varia conforme as características e porte dos municípios. Esta variável tem por fim destacar que as ações, baseadas em Planos de Governo, são instrumentos técnicos e de orientação política da gestão e que sob a luz de um sistema democrático deve ser divulgada para conhecimento da população e de todos os segmentos da sociedade envolvidos com suas premissas e execução de ações no período de mandato dos prefeitos.
Variável 20 [Dimensão tecnológica]: Instituições de Ensino, Pesquisa e Centros Tecnológicos – IEPECET
As Instituições de Ensino e Pesquisa e os Centros Tecnológicos (Institutos) têm a finalidade de elaborar e difundir conhecimentos científicos, objetivando tanto a formação de profissionais competentes, quanto o próprio avanço científico e tecnológico nos vários ramos, em face das exigências da sociedade brasileira contemporânea.
Variável 21 [Dimensão econômica]: Conselho Municipal de Turismo – COMTUR
São diversas as razões pelas quais deve ser criado o Conselho Municipal de Turismo, por maior integração (interna e externa) para propiciar um desenvolvimento sustentável, e que concorra para colocá-lo em posição de destaque no contexto econômico e social. Esta variável mostra a necessidade de valorização do turismo com fortalecimento do COMTUR. O potencial atrativo do setor de turismo de Cristalina se destaca no estado de Goiás e integra-se ao setor de Artesanato Mineral, ampliando a sinergia entre o Arranjo Produtivo Local (APL) de gemas, joias, artesanato mineral e o setor de turismo.
Variável 22 [Dimensão econômica]: Associação Comercial Agroindustrial de Cristalina – ACAIC
Esta variável confirma que as atividades da ACAIC serão sempre de caráter associativista, visando ao desenvolvimento das empresas associadas, tendo, em vista seu fortalecimento com ética e comprometimento.
Variável 23 [Dimensão econômica]: Associação dos Artesãos de Cristalina – AAC
Essa variável confirma que a AAC desenvolve ações, sem fins lucrativos, religiosos ou políticos, de caráter filantrópico e de interesse social e que tem como função atuar como agente catalisador para divulgação do Setor de Artesanato de Cristalina.
Variável 24 [Dimensão econômica]: Empresas do setor mineral – EMSEMIN
As empresas do setor mineral na realidade do município estão assentadas sobre um “domo estrutural” sustentado por uma sequência de metarritmitos e quartzitos e têm suas atividades restritas e voltadas para a extração de areia e/ou quartzo, além de outros agregados para a construção civil, como cascalho e brita de quartzito, ou quartzito ornamental. Para tanto, ressalta-se que, em favor de um futuro ganho ambiental, as atividades são desenvolvidas com a total ausência de produtos químicos, sendo considerada uma mineração limpa, sem intervenção em Áreas de Preservação Permanente (APPs),
Variável 25 [Dimensão política]: Conselho de Segurança – CONSEG
A criação do Conselho Comunitário de Segurança e Defesa Social de Cristalina/GO relacionando-se com o conceito de que os conselhos são ferramentas que possibilitam aos cidadãos uma participação ativa no processo de criação de políticas públicas no Brasil e, por isso, podem ser considerados como uma vitória para a cidadania. A população necessita de instruções sobre as ações de prevenção social da violência nas comunidades, inclusive estabelecendo parcerias, visando a projetos e campanhas educativas de interesse da Segurança Pública.
Variável 26 [Dimensão legal]: Ministério Público – MP
O Ministério Público pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Nesse sentido, apresenta como missão promover a realização da justiça, a bem da sociedade e em defesa do Estado democrático de direito.
Variável 27 [Dimensão econômica]: Agronegócios – AGRO
O termo agronegócio significa de forma mais ampla tudo o que está envolvido na cadeia de produção agro. Na abordagem atual, vamos nos referir à produção de alimentos e derivados para humanos e animais.
4.4 Análise estrutural das variáveis – MICMAC
A análise estrutural, ao final, é um instrumento de modelagem. Para isso, faz-se uso do software MicMac (multiplicação matricial aplicada a uma classificação, que implementa o método desenvolvido em 1971 por Michel Godet, juntamente com J. C. Duperrin, e foi aplicado aos fatores-chave do desenvolvimento da energia nuclear, em 1974).
O método tem por objetivo identificar as principais variáveis influentes e dependentes e, a partir daí, as variáveis essenciais à evolução do sistema descrito por meio de uma matriz que mostra as relações entre todos os elementos que constituem o sistema.
A análise estrutural é realizada por um grupo de trabalho composto de atores e especialistas do campo em análise, podendo incluir especialistas externos.
O método é composto de três fases: (i) listagem das variáveis, (ii) descrição das relações entre elas e (iii) identificação das variáveis-chave.
Fase 1: Listagem das variáveis
A primeira fase consiste na identificação e listagem do conjunto de variáveis que caracterizam o sistema em estudo e seu ambiente externo (variáveis internas e externas). Nesta etapa, é conveniente ser o mais exaustivo possível e não excluir, a priori, nenhuma possibilidade.
No caso do projeto Cristalina 2040, isso se deu por meio de oficinas, realizadas no Processo Prospectivo após a formação da Governança.
Fase 2: Descrição das relações entre as variáveis
Em uma visão sistêmica, uma variável só existe em função das relações que mantém com as demais variáveis. Dessa maneira, a análise estrutural se aplica para exprimir essas relações por meio da utilização de um quadro de dupla entrada denominado matriz estrutural.
Cabe a um grupo de pessoas que participou anteriormente da identificação e definição das variáveis, preencher a matriz de análise estrutural. Esse preenchimento é qualitativo. Para cada par de variáveis, colocam-se as questões: Existe uma relação de influência direta entre as duas variáveis i e j (de i para j)? Se não existe, coloca-se 0. Caso contrário, pergunta-se se esta relação de influência direta é: fraca, nesse caso, coloca-se 1; média, nesse caso, coloca-se 2; ou forte, nesse caso, coloca-se 3; ou, se for potencial, coloca-se p. No projeto Cristalina 2040, utilizaram-se 0, 1, 2 ou 3.
Fase 3: identificação das variáveis-chave
Esta fase consiste em identificar as variáveis-chave, isto é, essenciais à evolução do sistema, inicialmente graças a uma classificação direta (fácil de realizar) e, em seguida, a uma classificação indireta (Matriz de Impactos Cruzados, Multiplicação Aplicada a uma Classificação). Esta classificação indireta é obtida através da elevação à potência da matriz.
A comparação é feita da hierarquia pelas variáveis nas diferentes classificações (direta, indireta e potencial). Ela permite confirmar a importância de algumas variáveis, mas igualmente revelar variáveis que, em consequência de suas ações indiretas, exercem um papel preponderante que a classificação direta não permite identificar.
Tanto a influência quanto a dependência de cada variável pode ser representada em um plano, em que o eixo das abscissas (x) corresponde à dependência e o eixo das ordenadas (y), à influência. Dessa maneira, é possível, além de identificar as variáveis mais influentes do sistema, estudar os diferentes papéis das variáveis nele.
No projeto Cristalina 2040, isso foi feito da seguinte forma na ferramenta de software MICMAC:
- inseriram-se as 27 variáveis;
- atribuiu-se o nome curto (máximo de 10 caracteres);
- importante: colocou-se uma breve descrição; e
- adicionou-se o tema, de acordo com a definição do relatório.
Resultado prático
É preciso contar com alguns meses para realizar uma análise estrutural. Depende, certamente, do ritmo do grupo de trabalho e do tempo aplicado.
Os pontos de atenção no processo para obter resultados efetivos são:
- o investimento na reflexão prospectiva deve ser feito na mentalidade daqueles que serão chamados a tomar decisões e participar das ações;
- o preenchimento da matriz, neste caso, não pode ser aleatório e sem valor, porque não há nem informação confiável, nem linguagem comum ao entendimento da variável;
- não dividir o preenchimento da matriz com grupos que não participaram do processo: os resultados passam a não ter nenhum sentido, uma vez que a análise estrutural é um instrumento de estruturação coletiva das ideias;
- se esses riscos são evitados, o aspecto de apropriação da análise estrutural é um instrumento de escolha para uma reflexão sistemática sobre um problema e a criação do futuro desejável e realizável; e
- 80% dos resultados obtidos são evidentes e confirmam a intuição. A metodologia permite endereçar o bom senso e a lógica da abordagem e, sobretudo, dar peso aos 20% de resultados não intuitivos.
4.5 Matriz de impacto cruzado – MICMAC
Facilitadora: Clarice M. O. Kobayashi
Monitores: Cristina Ferreira Correia Silva, Elzivir Azevedo Guerra, Nuria Fernandez e Tássia de Melo Arraes
Participantes: Carlos Canedo Junior, Carmo Spies, Cristina Ferreira Correia Silva, Eduardo Fernandes, Elzivir Azevedo Guerra, Eliezer Bispo, Euler Loyola da Silva, José Augusto Vieira Costa, Luana de Sousa Moreira, Luciele Vaz da Silva, Marcos Brendo Faria, Maria Cristina Bannwart, Maria Cristina Milani, Michel Dias Gonçalves, Nuria Fernandez Castro, Paulo Cesar de Oliveira Prado, Pedro Jaime de Araújo Caldas, Rodrigo da Silva Souza, Roosevelt Tomé da Silva Filho, Samuel Santos Cardoso, Sérgio Carmona, Tássia de Melo Arraes, Thaís Paulino, Thiago Davis de Oliveira, William Francisco Souto
Em setembro de 2020, após o seminário de apresentação das variáveis pelos cidadãos cristalinenses, iniciaram-se as oficinas com os participantes elencados, acima. Essas oficinas tiveram início após o aprofundamento das variáveis e sua apresentação no seminário realizado nos dias 25 de agosto, 1 de setembro e 8 de setembro de 2020. Ao final das oficinas, o resultado apresentado foi a classificação das variáveis por motricidade (matriz de dependência x influência) a partir dos dados coletados.
Foram indicadas as 27 variáveis com maior motricidade e as respectivas hipóteses, a partir de diversos temas, visando à construção de cenários parciais e globais. Para tanto, foram utilizados, analisados e “desempatados” os dados informativos, com base nas escolhas de cada participante, consolidados em planilha, tendo como suporte o software MICMAC, em 25 de setembro de 020.
Cada um dos participantes enviou a planilha preenchida com o valor 0 (não influência), 1 (baixa influência), 2 (média influência) ou 3 (alta influência) para cada par de variáveis. Foi desenvolvido uma macro em planilha eletrônica que calculou a quantidade de pontuação em cada par <i,j> e, de acordo com a pontuação atingida, atribuiu-se um valor 0, 1, 2 ou 3. Os empates na pontuação foram apontados e, com os presentes, foi feito o desempate de pontuação resultando na matriz final que foi inserida no software MICMAC. A matriz final consolidada é apresentada na Tabela 3.
Tabela 3: Matriz consolidada, com as entradas escolhidas por cada participante e votadas pelo critério de maioria nas opções 0, 1, 2 ou 3
No software MICMAC, os parâmetros preenchidos foram: (i) para atingir a estabilidade foram necessárias 4 iterações (Tabela 4); (ii) os valores e indicadores gerados a partir da matriz 27 x 27 são os apresentados na Tabela 5.
Tabela 4: Percentuais atingidos por cada iteração.
Tabela 5: Quantidades constantes na matriz de entrada.
O mapa de influência/dependência direta, mostrado na Figura 14 traduz a forte influência da a interligação entre as variáveis evidenciadas na Tabela 6, mostrada mais adiante.
No gráfico da Figura 15, apresenta-se a influência/dependência indireta (futuro, considerando estabilidade).
Figura 14: Influência/dependência
Na Tabela 6, apresenta-se a situação atual, totalização e ordenação por Influência (y) e Dependência (x).
Figura 15: Mapa de influência/dependência direta.
Figura 16: Mapa de influência/dependência, após 4 interações.
Tabela 6: Relação e posicionamento de influência/dependência das variáveis
A matriz de influência indireta (MII) corresponde à Matriz da Influência Direta multiplicada por ela mesma, por iterações sucessivas. A partir dela, obtém-se outra que serão as variáveis mais motrizes, utilizadas para a construção de cenários. A classificação chega à estabilidade, em geral, a partir da multiplicação de ordem 3, 4 ou 5. Neste projeto Cristalina 2040, a multiplicação foi de ordem 4, para atingir a estabilidade.
A partir da MII, identificam-se, em ordem decrescente, o resultado apresentado na Tabela 7, da mais influente para a menos influente.
Tabela 7: Influência/Dependência após quatro iterações.
A inter-relação entre as variáveis, considerando-se as influências indiretas, é apresentada no gráfico da Figura 17. Nota-se que, entre as cinco mais motrizes, as variáveis PREFCRIS, APL, SINPP, CONSUST e SOCIEDADE possuem relações bastante forte com todas as outras.
Figura 17: Inter-relação entre as variáveis considerando-se as influências indiretas
Nota-se que, 3 variáveis, PREFCRIS, APL e SOCIEDADE, possuem relações bastante forte com todas as outras variáveis e relações diretas e indiretas com influência mais importante (cor vermelha).
Considerando a situação atual e a situação futura, as variáveis se deslocam no tempo e a nova priorização está apresentada de acordo com as Figuras 18 e 19. que apresentam as variáveis por influência e por dependência. Considerando-se a situação atual e a situação futura, as variáveis deslocam-se no tempo e uma nova priorização é apresentada (Figura 20).
Figura 18: Priorização da influência, na estabilidade.
Figura 19: Priorização da dependência, na estabilidade.
Figura 20: Identificação das variáveis nos Quadrantes.
Os quadrantes da Figura 20 representam:
- Quadrante (I) – são chamadas de “variáveis de entrada” (explicativas). Têm caráter prioritário na construção de cenários. Explicam a evolução do sistema, tanto como motor, quanto como freio.
- Quadrante (II) – são chamadas de “variáveis de ligação”. Têm relevância por intermediarem as influências dos fatores motrizes nos resultados ou efeitos finais. Por natureza, são variáveis instáveis.
- Quadrante (III) – são variáveis “excluídas” (autônomas). Não devem ser priorizadas por não possuírem efeitos sinérgicos.
- Quadrante (IV) – são variáveis de “resultado”. São influenciáveis indiretamente.
Pela abordagem de Michel Godet (2001), as variáveis motrizes com maior influência estão nos quadrantes superiores e as com maior dependência estão nos quadrantes à direita. No projeto Cristalina 2040, as variáveis ordenadas por motricidade estão apresentadas na Tabela 8.
Tabela 8: Variáveis ordenadas por motricidade
Como resultado, as 27 variáveis ficam assim definidas por qualificação segundo seu nível de motricidade:
- Prefeitura de Cristalina (PREFCRIS)
- Maior efetividade do APL Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina (APL);
- Sinergia entre setor público e privado (SINPP);
- Consumo sustentável (CONSUST);
- Sociedade (SOCIEDADE);
- Associação dos artesãos de Cristalina (AAC);
- Divulgação do município (DIVMUN);
- Envolvimento da sociedade na apropriação dos segmentos mineral e turismo (ENSASTURM);
- Conselho municipal de turismo (COMTUR);
- Associação comercial agroindustrial de Cristalina (ACAIC);
- Educação continuada e desenvolvimento nas escolas e instituições de ensino técnico nos setores de atividades de Cristalina (EDUCDESTEC);
- Formação e valorização dos artesãos (MELHORART);
- Empresas do setor mineral (EMSEMIN);
- Desenvolvimento contínuo de tecnologia (DECTEC);
- Instituições de ensino e pesquisa e centros tecnológicos (IEPECET);
- Profissionalização nas empresas e excelência no atendimento (PROFEXA);
- Política municipal para o segmento do turismo (POMUT);
- Fortalecimento do associativismo na sociedade (FAS);
- Política Pública em exploração mineral e aproveitamento dos subprodutos (PPEMINAS);
- Infraestrutura urbana, rural e turística (INFRAURT);
- Resgate total da cultura (RTCULTURA);
- Agronegócio (AGRO):
- Segurança em áreas de lazer e turismo (SALTUR);
- Certificado de origem (CERTFOR);
- Certificação mineral pelo centro gemológico (CMCEGEN);
- Conselho comunitário, segurança e defesa social (CONSEG);
- Ministério público (MP).
Portanto, o MICMAC serviu para classificar as variáveis por motricidade e as respectivas hipóteses dentro dos temas para construção dos cenários parciais e globais.
Próximas etapas
A partir da distribuição das variáveis nos temas que serão definidos pelos participantes, as hipóteses serão combinadas e constituirão os cenários parciais e globais, a partir deles, serão elaboradas as ações para Cristalina 2040.
As ações que serão elaboradas deverão fornecer as informações do responsável pela ação (ator), do tempo (horizonte temporal 2040) de início e término para a hipótese desejável, possível e realizável. Importante não esquecer as ações para mitigar o que não se deseja que aconteça nesse futuro identificado pela hipótese não desejável.
5 Análise Morfológica
O termo morfologia vem do grego clássico “morphê”, que significa o estudo de formas. Segundo Godet (2001), a análise morfológica foi desenvolvida pelo suíço Fritz Zwicky, que, em 1985, revitalizou sua utilização no processo prospectivo (AULICINO; FISCHMANN, 2020, p. 501-503).
A análise morfológica visa explorar de forma sistemática os futuros possíveis a partir do estudo de todas as combinações resultantes da decomposição do sistema.
Em uma primeira fase, decompõe-se o sistema estudado em subsistemas ou partes. Essas partes podem assumir hipóteses dentro do horizonte de tempo considerado. O conjunto das combinações dessas hipóteses delimita o campo dos futuros possíveis, que se pode definir como espaço morfológico. Em função da análise combinatória, o espaço morfológico pode tornar-se impossível de ser inteiramente analisado.
A segunda fase consiste em delimitar o espaço morfológico em um subespaço útil por meio da adoção de critérios de seleção, com base nos quais as hipóteses serão analisadas, resultando combinações pertinentes e, posteriormente, alinhadas em cenários.
A partir do agrupamento das variáveis por temas, deverão ser construídos os cenários parciais ou microcenários para depois se construírem os cenários globais.
Para construção de cenários parciais por meio da análise morfológica, foi considerado que cada variável-chave tem no mínimo duas hipóteses. Ao se realizar essa análise, que deverá ser por tema, e nestes temas, as variáveis devem estar por ordem decrescente de motricidade, destacam-se algumas regras consideradas no projeto Cristalina 2040:
um cenário pode utilizar somente uma hipótese por variável-chave;
cada um dos cenários deve ter coerência e conter os mesmos ingredientes e, por conseguinte, incluir uma hipótese de cada variável;
os cenários devem ser contrastantes e confrontantes;
algumas vezes, ao se analisarem as hipóteses propostas para uma variável, verifica-se que não cobrem todas as possibilidades e faltou uma, que pode ser útil na construção do cenário. Essas alterações são feitas de comum acordo e, uma vez aprovadas, são feitos acréscimos, registrando-se o texto final;
outras vezes, verificam-se hipóteses não utilizadas no cenário. Então, deve-se realizar uma análise dessas hipóteses e verificar se há possibilidade de construir um cenário interessante com elas;
recomenda-se que o Comitê Local Técnico Prospectivo tenha mais de um redator e o texto referente ao cenário seja validado pelos participantes, em reunião plenária.
As regras, descritas no livro Desenvolvimento Brasil 2035 (AULICINO, FISCHMANN, 2020, p. 501-503), foram observadas e consideradas no desenvolvimento do projeto Cristalina 2040.
5.1 Definição dos temas
As variáveis foram divididas em temas (Figura 21) – Tema 1: Economia, Política e Infraestrutura; Tema 2: Governança e Gestão; Tema 3: Educação, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável; Tema 4: Sinergia e Fortalecimento Coletivo – e estão apresentadas no Quadro 11.
Figura 21: Variáveis, por tema
Quadro 11: 21 variáveis, classificadas por motricidade
5.2 Construção dos cenários parciais
5.2.1 Tema 1 – Economia, política e infraestrutura
O Tema 1 (Figura 22) compreende as variáveis Prefeitura de Cristalina (PREFCRIS), Divulgação do município (DIVMUN), Política pública em exploração mineral e aproveitamento dos subprodutos (PPEMINAS), Política municipal para o segmento do turismo (POMUT), Infraestrutura urbana, rural e turística (INFRAURT).
Figura 22: Tema 1 – Economia, política e infraestrutura
5.2.2 Tema 2 – governança e gestão
O Tema 2 (Figura 23) compreende as variáveis: APL Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina (APL), Associação dos Artesãos de Cristalina (AAC), Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), Empresas do Setor Mineral (EMSEMIN), Associação Comercial Agroindustrial de Cristalina (ACAIC).
Figura 23: Tema 2 – Governança e gestão
5.2.3 Tema 3 – educação, tecnologia, inovação e desenvolvimento
O Tema 3 (Figura 24) compreende as variáveis Consumo Sustentável (CONSUST), Instituições Ensino Pesquisa e Centros Tecnológicos (IEPECET), Educação Continuada e Desenvolvimento nas Escolas e Instituições de Ensino Técnico nos Setores de Atividades de Cristalina (EDUCDESTEC), Desenvolvimento Contínuo de Tecnologia (DECTEC), Profissionalização nas Empresas e Excelência no Atendimento (PROFEXA).
Figura 24: Tema 3 – educação, tecnologia, inovação e desenvolvimento
5.2.4 Tema 4 – sinergia e fortalecimento coletivo
O tema 4 (Figura 25) compreende as variáveis Sociedade (SOCIEDADE), Envolvimento da Sociedade na Apropriação dos Segmentos Mineral e Turístico (ENSASTURM), Sinergia entre Setores Público e Privado (SINPP), Fortalecimento do Associativismo na Sociedade (FAS), Formação e Valorização dos Artesãos (MELHORART), Resgate total da Cultura (RTCULTURA).
Figura 25: Tema 4 – Sinergia e fortalecimento coletivo
5.3 Cenários globais
O cenário Global (Figura 26) compreende os cenários parciais do tema 1, 2, 3 e 4.
Figura 26: Cenário global.
6 Plano e Transformações das Ações em Projeto
Para transformação das ações em projeto, utilizamos um mapeamento de roteiro – o roadmapping (ALBRIGHT, 2020) –, que permite que uma equipe planeje e execute um caminho para atingir seus objetivos, assim como uma instrução de roteiro permite que um indivíduo decida entre rotas alternativas e escolha como chegar a um destino.
Os roteiros vinculam a estratégia às ações futuras e incorporam explicitamente um plano para que os recursos necessários estejam disponíveis no momento certo. A seguir, alguns conceitos sobre a ferramenta de roadmap (caminho das rotas).
- O roadmap inclui o conceito de ações futuras necessárias para implementar a estratégia em que é importante atenção; mitigando riscos ao plano.
- O roadmap serve como um guia para a jornada do time de implementação e permite o reconhecimento e as ações nos eventos que requeiram mudança de direção.
- O roadmap também é usado para comunicar o plano aos tomadores de decisões, clientes, fornecedores e outros
- Em uma organização, o roadmap fornece a base para gerenciamento integrado de portfólios de produtos e tecnologia.
- “Aprender fazendo” é uma intervenção pedagógica que ajuda a organização a adquirir competências em direcionamentos da empresa (roadmapping skills) e ainda fortalece a cultura de planejamento colaborativo.
- Importante parte da ferramenta é criar a visualização dos planos e o relacionamento entre os elementos (atores) do plano.
Segundo Albright (2020), os desenvolvedores do software têm trabalhado na melhoria da visualização e têm encontrado formas de desenvolver algoritmos complexos para gerar informações qualificadas e passíveis de manutenção como, por exemplo, utilizar a ferramentas de visualização para facilitar criação de rotas com processos.
A ferramenta Albright Strategy abrange vários módulos para a implantação da estratégia formulada (Figura 27).
Figura 27: Roadmappers Workbench v.4.43 –Albright (2020)
Para o projeto Cristalina 2040, utilizamos os recursos referentes ao Plano de Ação “Construção do Plano de Ação aderente à estratégia”.
6.1 Aplicação da ferramenta “ROADMAP”
No projeto Cristalina 2040, foram definidas, nas oficinas, 27 variáveis, dentre as quais 21 são as mais motrizes e, para elas, foram criadas as ações estratégicas para atingir o Cenário Global desejável, possível e realizável para o desenvolvimento de Cristalina 2040 (Figura 28).
Figura 28: Cenário Global desejável, possível e realizável para o desenvolvimento de Cristalina 2040
6.2 As ações
De forma participativa com os representantes da sociedade de Cristalina, foram criadas as ações por meio de oficinas de trabalho. Apresenta-se, na Tabela 9, a quantidade de ações consolidadas nas Oficinas.
Tabela 9: Quantidade de ações, por tema e por ano de início
6.2.1 Divisão das variáveis em 4 temas
Dividiram-se as variáveis por tema, conforme apresentado na Figura 29:
- Tema 1: Economia, política e infraestrutura. Fazem parte as variáveis: Prefeitura de Cristalina (PREFCRIS), Divulgação do município (DIVMUN), Política pública em exploração mineral e aproveitamento dos subprodutos (PPEMINAS), Política municipal para o segmento de turismo (POMUT), Infraestrutura urbana, rural e turística (INFRAURT).
- Tema 2: Governança e gestão. Fazem parte as variáveis: Arranjo produtivo local de gemas, joias, artesanato mineral e turismo de Cristalina (APL), Associação dos artesãos de Cristalina (AAC), Conselho municipal de turismo (COMTUR), Empresas do setor mineral (EMSEMIN), Associação comercial agroindustrial de Cristalina (ACAIC).
- Tema 3: Educação, tecnologia, inovação e desenvolvimento sustentável. Fazem parte as variáveis: Consumo sustentável (CONSUST), Instituições de ensino, pesquisa e centros tecnológicos (IEPECET), Educação continuada e desenvolvimento nas escolas e instituições de ensino técnico nos setores de atividades de cristalina (EDUCDESTEC), Desenvolvimento contínuo de tecnologia (DECTEC), Profissionalização nas empresas e excelência no atendimento (PROFEXA).
- Tema 4: Sinergia e fortalecimento coletivo. Fazem parte as variáveis: Sociedade (SOCIEDADE), Envolvimento da sociedade na apropriação dos segmentos mineral e turístico (ENSASTURM), Sinergia entre setor público e privado (SINPP), Fortalecimento do associativismo na Sociedade (FAS), Formação e valorização dos artesãos (MELHORART), Resgate total da cultura (RTCULTURA).
Figura 29: Projeto Cristalina 2040 – Temas 1, 2, 3 e 4
Fonte: Projeto Cristalina 2040 – Temas 1, 2, 3 e 4. Elaborado por Inspro (2020)
6.2.2 Grupos de trabalho
Para as variáveis de cada tema, sob coordenação de Sergio Carmona no tema Economia, política e infraestrutura; William Souto no tema Governança e gestão; Luciele Vaz no tema Educação, tecnologia, inovação e desenvolvimento sustentável; e Carmo Spies no tema Sinergia e fortalecimento coletivo, propuseram-se as ações, que foram consolidadas em reunião plenária.
6.2.3 Ações propostas e consolidadas
Utilizando o Roadmapping, com as ações definidas, elas foram introduzidas na ferramenta de software e foram construídas as ações para atingir o cenário possível, desejável e realizável. Na Figura 30, apresenta-se a introdução das ações com as definições dos atores responsáveis por elas e o horizonte temporal para duração da ação (gráfico da Figura 31). A Figura 30 e o gráfico da Figura 31 mostram parte das 77 (setenta e sete) ações que estarão apresentadas, de forma completa com o cenário possível, desejável e realizável por variável-chave seguindo a ordem da motricidade.
Figura 30: Roadmap das ações e atores responsáveis
Fonte: Elaborado por C. Kobayashi, a partir da consolidação das ações (INSPRO, 2020)
Figura 31: Horizonte temporal para duração da ação.
Fonte: Elaborado por C. Kobayashi, a partir da consolidação das ações (INSPRO, 2020).
Segue a descrição da variável-chave motriz como a situação atual e que atende à respectiva hipótese e propicia a construção da visão estratégica do futuro de Cristalina no horizonte de 2040. Tem-se as ações estratégicas em ordem, considerando o ano de início proposto pelo grupo de trabalho. Elas foram definidas para atender à hipótese escolhida da respectiva variável. Tem-se ainda o início e o término proposto em oficina pelo grupo de trabalho, e os diversos atores responsáveis (um ou mais) pela execução da ação definida. Finalmente, na sétima coluna, encontra-se a redação da hipótese escolhida para a construção da visão estratégica do futuro de Cristalina, que deverá ser atingida ao longo dos futuros anos.
Variável-chave: Prefeitura de Cristalina (PREFCRIS)
Variável-chave: Arranjo Produtivo Local de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina (APL)
Variável-chave: Arranjo Produtivo Local de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo de Cristalina (APL)
Variável-chave: Consumo Sustentável (CONSUST)
Variável-chave: Sociedade (SOCIEDADE)
Variável-chave: Envolvimento da sociedade na apropriação dos segmentos mineral e turístico (ENSASTURM)
Variável-chave: Divulgação do município (DIVMUN)
Variável-chave: Sinergia entresetor público e privado (SINPP)
Variável-chave: Associação dos artesãos cristalina (AAC)
Variável-chave: Conselho municipal de turismo (COMTUR)
Variável-chave: Instituições ensino pesquisa e centros tecnológicos (IEPECET)
Variável-chave: Educação continuada e desenvolvimento nas escolas e institutos de ensino técnico nos setores de atividades de Cristalina (EDUCDESTEC)
Variável-chave: Empresas do setor mineral (EMSEMIN)
Variável-chave: Desenvolvimento contínuo de tecnologia (DECTEC)
Variável-chave: Profissionalização nas empresas e excelência no atendimento (PROFEXA)
Variável-chave: Política Pública em exploração mineral e aproveitamento dos subprodutos (PPEMINAS)
Variável-chave: Associação comercial agroindustrial de Cristalina (ACAIC)
Variável-chave: Fortalecimento do associativismo na Sociedade (FAS)
Variável-chave: Política Municipal para o segmento do turismo (POMUT)
Variável-chave: Formação e valorização dos artesãos (MELHORART)
Variável-chave: Infraestrutura urbana rural turística (INFRAURT)
Variável-chave: Resgate total da cultura (RTCULTURA)
Portanto, as ações estratégicas definidas devem proporcionar a viabilidade das hipóteses a serem atingidas e estas proporcionarão a construção da visão estratégica do futuro.
Deve-se ressaltar que todas as 27 (vinte e sete) variáveis-chave são importantes e as ações precisam ser implementadas no sentido de construir o futuro desejável de toda a sociedade cristalinense.
Na Figura 32, apresenta-se o mapa completo das rotas das ações estratégicas para as variáveis motrizes do projeto Cristalina 2040.
Figura 32: Rotas das ações estratégicas para as variáveis motrizes do projeto Cristalina 2040
7 Considerações Finais
O projeto Cristalina 2040, iniciado em fevereiro de 2019, chegou ao final de dezembro de 2020 com a criação das ações no horizonte de 20 anos.
Deve-se destacar a participação do time na governança do processo prospectivo da sociedade civil organizada de Cristalina, com adesão voluntária e colaboração nas diversas oficinas desenvolvidas, sob o desafio da participação remota e todas as intercorrências causadas pela pandemia que interferiu na vida das pessoas.
O processo prospectivo territorial vem confirmar a necessidade de participação com apropriação dos diversos tipos de representantes de agentes sociais do território, exemplo vivido no projeto Cristalina 2040.
Essa diversidade de participação, além de enriquecer o processo prospectivo, contribui para encontrar soluções e gerar comprometimento coletivo com a implementação das ações.
Na Figura 33 são apresentadas as etapas para o projeto Cristalina 2040.
Figura 33: Etapas do Processo Prospectivo – Cristalina 2040
Fonte: Processo Prospectivo – Etapas do projeto Cristalina 2020 – elaborado pelo Inspro (2020) – fotos das várias oficinas presenciais e remotas com os participantes da sociedade durante o desenvolvimento do projeto.
Cientes de que a implementação das ações é que garantirá o sucesso do Projeto Cristalina 2040, já em novembro de 2020, antes das eleições municipais, foi elaborada uma carta compromisso, apresentada a todos os candidatos a cargos de prefeito e vereador.
A carta foi assinada pelos candidatos com o compromisso de implantação das ações do projeto Cristalina 2040 e teve o objetivo de estabelecer uma agenda para o futuro da cidade de Cristalina-GO, contemplando uma orientação geral a ser apoiada pelos poderes municipais nas seguintes ações:
fortalecer o Arranjo Produtivo Local (APL);
ter como referência o desenvolvimento sustentável;
promover uma cidade inteligente, inclusiva e inovadora;
construir políticas públicas com diálogo institucionalizado com a sociedade, com a qual o projeto Cristalina 2040 foi desenvolvido com apropriação pela comunidade;
estabelecer parceria com especialistas e com instituições, visando os fins elencados.
Para construir o cenário desejável, possível e realizável, duas ações se destacam:
- desenvolver políticas públicas que facilitem a integração das atividades de gemas, joias, artesanato mineral, turismo e conservação do meio ambiente;
- estabelecer parâmetros para a caracterização de uma zona geográfica reconhecida por suas caraterísticas únicas e relevantes.
Com essa visão, as seguintes iniciativas foram propostas, considerando-se as variáveis motrizes para a construção do cenário desejável, possível e realizável para evolução e desenvolvimento de Cristalina:
adotar modelos de administração municipal participativos, nos quais as ações são previamente discutidas com os diversos segmentos da sociedade, privilegiando as ações efetivamente passíveis de serem executadas integralmente, com acompanhamento, com avaliação permanentes, que colaborem para o bem-estar da população e crescimento sustentável do município;
assegurar o desenvolvimento e o fortalecimento da Associação dos Artesãos de Cristalina. O Mercado do Cristal assumiu como uma das alavancas para o desenvolvimento do Polo Turístico de Cristalina em paralelo à edificação do galpão multiuso para realização de eventos.
institucionalizar a governança do APL com a criação de Comitê Diretivo Permanente, composto por representantes de segmentos da sociedade, para que as ações estratégicas definidas sejam implementadas;
ampliar investimentos em políticas de sustentabilidade para propor soluções rápidas e permanentes, referentes ao uso dos recursos naturais em benefício da sociedade, melhorando as condições ambientais, socioeconômicas e de saúde pública;
implementar políticas públicas para o aumento do engajamento das pessoas, melhoria do sistema educacional, gerando alterações positivas no contexto socioeconômico e ambiental do município, conscientização constante das novas gerações, refletindo em grande mudança cultural e no desenvolvimento sustentável dos setores mineral, de turismo e agrícola de Cristalina-GO;
estabelecer um canal permanente de informações para obter-se conscientização e apoio da sociedade, que conduz a um envolvimento e apropriação efetivos, contribuindo decididamente para o crescimento dos segmentos mineral e turístico de Cristalina-GO; e
consolidar um processo efetivo, adequado e contínuo de divulgação do município, possibilitando a captação de novos investimentos e ampliando a importância da mineração, do artesanato, do turismo e da agricultura na economia cristalinense.
Esses objetivos são obtidos com a participação da sociedade civil, materializando-se em iniciativas e projetos inseridos nos planos de desenvolvimento de Cristalina-GO para a próxima gestão municipal e inclusão no seu Plano Diretor.
E, a partir de janeiro de 2021, já foi trabalhada junto à Câmara Municipal a submissão dos Projetos no Plano Plurianual (PPA) e na Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o ano de 2022 para que sejam implementadas as ações propostas.
O projeto Cristalina 2040 foi também apresentado para representantes estaduais e federais (deputados) para que Cristalina-GO seja contemplada com emendas parlamentares que ajudem na implementação das ações de curto, médio e longo prazo, bem como para os programas de retomada pós-pandemia que contemplam geração de emprego, incentivo ao turismo e fomento às iniciativas de cooperativas.
Considerando o plano de ação definido para o projeto Cristalina 2040, destacamos as ações contempladas nos anos 2021-2024, na atual gestão municipal, para serem implementadas e acompanhadas pela sociedade cristalinense.
Importante notar que durante o desenvolvimento do projeto muitas ações estavam em desenvolvimento e, com o olhar de longo prazo, foi ampliada a visão, as dimensões e abrangência quanto à responsabilidade. Seguem as 7 (sete) ações consideradas com início em 2020 que já estão em andamento.
Para 2021, determinadas ações já estão em andamento, outras planejadas ou para ser feito o planejamento. São principalmente para estas ações que a sociedade está buscando apoio para implementação. Seguem as ações com início em 2021.
Estão identificadas 13 (treze) ações que necessitam ser planejadas e ter a implantação iniciada, conforme definido no projeto Cristalina 2040. A lista a seguir considera o fator da motricidade para o processo de detalhamento das ações, transformando-as em projeto de implementação.
As seguintes 11 (onze) ações para 2021 já se encontram em estágio de implementação ou de planejamento.
Para os anos de 2022, 2023 e 2024 estão planejadas o início de implantação de 40 (quarenta) ações. O comitê de Governança do projeto Cristalina 2040 deverá estabelecer processos de priorização, analisar sinergias entre os diferentes projetos pela sua natureza e abrangência e ampliar as iniciativas de operacionalização e implantação por meio de parcerias estratégicas visando o horizonte de 2040.
Governança e gestão operacional
O time da governança do projeto Cristalina 2040 é extremamente importante para acompanhar e controlar a execução das ações planejadas e do orçamento em todos os níveis. A governança diz respeito às estruturas, às funções, aos processos e às culturas da sociedade para assegurar que os objetivos sejam atingidos de maneira eficaz e transparente.
No time da Governança há pessoas da sociedade civil organizada e munícipes que fazem parte do poder público e que participaram da construção de todo o processo. Essa diversidade deve ser mantida por meio de treinamentos e atração dos times futuros, exemplos de aplicações do pensar o longo prazo, construindo o futuro desejável e realizável fortalecendo a cultura local.
Ciclos de acompanhamento trimestral, semestral, anual e revisão a cada 5 anos com participantes de fora do dia a dia da gestão operacional enriquecem e trazem novas visões de possíveis evoluções ou mesmo confirmação de que está sendo trilhado o melhor caminho para Cristalina 2040.
Para a gestão operacional, desenvolver o Canvas de projeto para as ações definidas irá ajudar a dimensionar o esforço, os requisitos, as premissas, os riscos, as restrições, dimensionar a equipe, definir as entregas, a linha do tempo, bem como os custos, investimentos envolvidos e permitirá mostrar os resultados e os benefícios da execução das ações.
Ter o time operacional treinado nessas práticas por meio de oficinas trará mais sucesso nessa evolução da implementação das ações e este conhecimento será replicado para os vários projetos no horizonte temporal do Cristalina 2040.
Carta Brasileira Cidades Inteligentes e Agenda 2030 da ONU
Há vários movimentos de desenvolvimento voltados para gestão municipal na linha de cidades inteligentes e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Agenda 2030.
A estratégia de alinhar o desenvolvimento do Arranjo Produtivo Local de Gemas, Joias, Artesanato Mineral e Turismo com as implementações dos ODS e iniciativas da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes (CBCI) poderá gerar sinergia nas implementações das ações diminuindo a desigualdade, melhorando o nível educacional da sociedade, ampliando o uso de energia renovável, fomentando a transformação digital e incentivando a economia circular.
Muitas das ações que foram planejadas no projeto Cristalina 2040 podem complementar ainda mais a implantação dos ODS e ampliar o desenvolvimento urbano, melhorando a qualidade de vida da sociedade.
Para implantar projetos com alinhamentos transversais, o cronograma de ações apresentado na Figura 34 canaliza o desenvolvimento de Cristalina em direção às Cidades Inteligentes e de Arranjo Produtivo Local APL, iniciativa essa apresentada no Grupo de Trabalho de Gestão (GT1) do MDR que trata da Economia Local atendendo aos direcionamentos estratégicos do CBCI em março de 2021.
Figura 34: Sinergia entre desenvolvimento de APL e objetivos estratégicos da CBCI.
Há diversos desafios no projeto Cristalina 2040, mas a verdadeira apropriação pela sociedade poderá transformar e tornar realizável o que foi considerado possível e desejável na sua fase de construção.
Sucesso para todos cristalinenses nesta empreitada:
A construção do futuro que o Cristalina 2040 deseja alcançar!
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES – VENHA PARTICIPAR! HÁ UM LUGAR PARA VOCÊ
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